Ciência, saúde e esporte: conhecimento e acessibilidade

21 a 26 de outubro de 2013

Trabalho 982

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Ensino
Área de conhecimento Ciências Biológicas e da Saúde
Área temática Ensino na saúde
Setor Departamento de Medicina e Enfermagem
Bolsa FUNARBEN
Conclusão de bolsa Sim
Apoio financeiro FUNARBE
Primeiro autor Julia de Oliveira Fonseca
Orientador RODRIGO SIQUEIRA BATISTA
Outros membros Alesson Filipi Bernini, Ana Paula Vieira dos Santos, ANDREIA PATRICIA GOMES, Victor Hiroshi Bastos Inoue
Título O aborto na sociedade brasileira: debates mediados pelos filmes O segredo de Vera Drake, Porto e Regras da vida
Resumo O aborto – usualmente conceituado como a interrupção da gestação antes de ser possível ao concepto manter-se vivo no ambiente extrauterino – gera importantes debates, os quais podem ser recuperados em díspares manifestações artísticas, com destaque para o cinema. Com efeito, o objetivo da presente comunicação é apresentar, à comunidade acadêmica, aspectos das conversações legais e bioéticas sobre o aborto, mediadas pelos filmes O segredo de Vera Drake (Mike Leigh, 2004), Porto (Ingmar Bergman, 1948) e Regras da vida (Lasse Hallström, 1999). O abortamento é crime previsto pelo Código Penal (CP) brasileiro – artigos 124, 125 e 126 –, com penalidades para a mulher e para o médico que o praticam. No entanto, de acordo com os incisos I e II do art. 128 do CP, não é crime e não se pune o aborto praticado por médico, quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou quando a gravidez resulta de estupro. O aborto deve ser precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal aprovou que a mulher pode optar pela antecipação do parto em casos de gravidez de feto anencéfalo, de modo que, nesses casos, não haveria o crime de aborto tipificado no CP. A despeito dessas garantias legais, recentemente, o Projeto de Lei nº 478/2007, conhecido como o Estatuto do Nascituro, prevê que a gestação não poderá ser interrompida em casos de estupro e, além disso, que a mulher terá 'direito' ao pagamento de um benefício: "Art. 13. O nascituro concebido em um ato de violência sexual não sofrerá qualquer discriminação ou restrição de direitos, assegurando-lhe, ainda, os seguintes: I – direito prioritário à assistência pré-natal, com acompanhamento psicológico da gestante; II – direito a pensão alimentícia equivalente a 1 (um) salário mínimo, até que complete dezoito anos; III – direito prioritário à adoção, caso a mãe não queira assumir a criança após o nascimento. Parágrafo único. Se for identificado o genitor, será ele o responsável pela pensão alimentícia a que se refere o inciso II deste artigo; se não for identificado, ou se for insolvente, a obrigação recairá sobre o Estado" (Projeto de Lei nº 478/2007). Fica evidente que tal 'estatuto' impõe novas modalidades de violência para a mulher – a vítima –, na medida em que restringe sua possibilidade de escolha e a obriga a criar vínculos com o agressor. As discussões sobre esses aspectos - e outros elementos do debate bioético e legal sobre o aborto - podem ser recuperados a partir dos três filmes: (1) a visão do médico em Regras da Vida; (2) a percepção de uma pessoa não médica em O Segredo de Vera Drake; e (3) o ponto de vista da mulher em o Porto. As películas destacadas são capazes de auxiliar nos debates legais e bioéticos sobre o aborto, habitualmente polarizadas em termos do Princípio da Sacralidade da Vida e do Princípio da Autonomia, por proporcionarem - ao espectador - acesso a diferentes pontos de vista.
Palavras-chave Cinema, Bioética, Saúde pública.
Forma de apresentação..... Painel
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