Resumo |
A crise do subprime de 2008 afetou as economias mundiais. O Brasil, mesmo sendo um país pequeno no comércio internacional, sentiu os efeitos da crise em vários aspectos. É importante analisar os efeitos de crises internacionais sobre a intensidade tecnológica das exportações brasileiras, uma vez que essa tem a capacidade de ampliar o potencial das inovações, modificar as características da economia e até de contribuir para o aumento da competitividade e da produtividade, potencializando o crescimento da renda e o crescimento econômico. No Brasil, a necessidade de investimento em tecnologia tornou-se clara após a abertura à concorrência internacional em 1988, uma vez que a diferenciação tornou-se necessária à competitividade de empresas dentro e fora do país (Ferraz, 2000). Da mesma maneira, de acordo com Haussman et al. (2007), a sofisticação da pauta de exportações está diretamente correlacionada com a futura renda per capita. Dessa forma, no contexto da crise mundial de 2008, torna-se necessária uma análise a respeito da influência desse acontecimento sobre o comportamento e composição das exportações brasileiras e de sua evolução em termos da intensidade tecnológica. A balança comercial brasileira possui uma tendência ascendente à importação de produtos de alta e média-alta tecnologia e descendente à exportação dos produtos de mesma intensidade tecnológica. Portanto, pode-se afirmar que o Brasil vem perdendo espaço no mercado internacional de produtos high-tech e similares. Dessa maneira, o objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da recente crise financeira internacional sobre os produtos exportados de alta, média-alta, média-baixa e baixa tecnologia pelo Brasil, no período de 2000 a 2012. Para tanto, foi utilizado o índice PRODY, que pondera os produtos, classificados no nível HS-6 (Sistema Harmonizado de 6 dígitos), pela renda per capita do respectivo país exportador medindo a sofisticação das exportações ou o nível de produtividade associado ao produto i do país j. Este tem relação direta com a intensidade tecnológica dos produtos e pode ser adequado à classificação do Standard International Trade Classification (SITC Rev. 3). Os resultados indicaram que os efeitos da crise foram maiores para os produtos classificados como de alta e média alta intensidade tecnológica. Contudo, os efeitos variaram bastante entre os diversos setores da economia, sugerindo uma análise mais aprofundada sobre o relacionamento causal daquelas variáveis. |