Resumo |
O campo de estudo da atividade da Inquisição portuguesa no Brasil ainda é fértil e relativamente pouco explorado. É viável e interessante para um estudo compreensivo da história do país e também da atuação da Inquisição de maneira geral buscar o material original da Inquisição no Brasil, ou seja, os relatórios de processos de nativos ou moradores do Brasil e das visitações de representantes da instituição, os maços e ratificações; a matéria-prima para a análise histórica que parece faltar sobre o tema. Estes estão armazenados na Torre do Tombo em Portugal, e podem ser acessados pela Internet por meio do acervo digital criado pelo governo português. A reunião do material relativo ao tema serve não só como coleta de material para um possível estudo, como, mais do que isso, serve como facilitação do acesso ao documento original enquanto matéria-prima para a análise histórica, além de dar ênfase ao fenômeno no Brasil, de modo a incentivar os avanços e a dinamização dos estudos na área. Propõe-se neste projeto o início da reunião dos documentos e organização sistemática dos mesmos, que se denominou criação de “banco de dados” da Inquisição no Brasil colonial. O projeto também teve como objetivo evidenciar, tanto para o bolsista quanto para o meio científico a receber os resultados das pesquisas, a existência da atividade inquisidora no Brasil colônia, bem como delinear sua intensidade e suas abrangências territorial e temporal, além de argumentar a relevância da ação inquisitorial para a e dentro da história do Brasil. Entre os documentos coletados no acervo online, há livros de denúncias, elaborados pelas comissões de inquisidores que realizaram as chamadas “visitações” ao Brasil; livros de confissões, que contêm os registros de confissões e reconciliações feitos por acusados aos inquisidores encarregados em visitas à colônia; livros de ratificações feitas durante visitações; e denúncias individuais, separadas dos livros. Além disso, há registros de processos individuais da Inquisição contra acusados dos crimes estabelecidos pela instituição, dentre os quais figuram com destaque judaísmo, bigamia, blasfêmias, perjúrio, bruxaria, superstições, e crimes contra a ordem e as regras do processo inquisitorial. Procurou-se, como complementação à proposta de um banco de dados, sugerir e citar vieses e métodos possíveis de análise e uso dos dados fornecidos pela documentação, de forma breve, e como reforço do estímulo à pesquisa na área e uso do banco de dados, uma vez completo. Verificaram-se, nesta análise, recorrências relativas à idade, sexo, local de moradia e acusação do réu, relacionadas ao grau da punição expedida e ao número de páginas e datas do processo. Pode-se, com base na análise esboçada, verificar a diversidade e abrangência da atuação da Inquisição portuguesa no Brasil, corroborando a tese da importância do acesso desses documentos para o estudo integrado da História do Brasil. |