Resumo |
A contaminação ambiental com arsênio (As) é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Embora plantas possam ser utilizadas para a retirada de As do ambiente, sua alta toxicidade sobre processos fundamentais, como a fotossíntese, reduz a eficácia do processo. Tem-se buscado compreender a base dos mecanismos capazes de conferir resistência às plantas, com enfoque sobre o óxido nítrico (NO), molécula sinalizadora envolvida na tolerância a estresses abióticos. No presente trabalho avaliou-se o efeito do óxido nítrico (NO) na atenuação do estresse desencadeado pelo arsênio (As) em Pistia stratiotes, sendo o NO suprido na forma de nitroprussiato sódico (SNP). As plantas, cultivadas em solução nutritiva, pH 6,5, ½ da força iônica, foram expostas a quatro tratamentos: controle (apenas solução nutritiva); SNP (0,1 mg L-1); As (1,5 mg L-1); As + SNP (1,5 e 0,1 mg L-1, respectivamente), onde permaneceram por sete dias, para análises de crescimento e absorção, e por 24 horas, para análises de alterações metabólicas. A maior parte do As absorvido ficou retido na raiz, o que resultou em aumento na produção de espécies reativas de oxigênio e na peroxidação lipídica, causando uma série de danos bioquímicos e estruturais. Estes danos foram revertidos pelo SNP que, aparentemente, atuou diretamente como antioxidante e como molécula sinalizadora, estimulando respostas antioxidantes enzimáticas (catalase, peroxidase e peroxidase do ascorbato) e não enzimáticas (estímulo do ciclo ascorbato-glutationa), aumentando o índice de tolerância ao As. Os pigmentos cloroplastídicos diminuíram após exposição ao As, com exceção dos carotenóides, cujas concentrações aumentaram. A presença de SNP restaurou os teores dos pigmentos a níveis normais. A eficiência fotoquímica máxima do FSII e o rendimento quântico do transporte de elétrons também foram afetados negativamente pelo As, bem como a assimilação líquida de carbono. A razão Ci/Ca aumentou mas não correu alteração em gs indicando a ocorrência de limitações bioquímicas. O SNP teve efeito protetor tanto sobre a fluorescência quanto sobre as trocas gasosas, restaurando estes parâmetros a níveis normais. Dessa forma, o NO suprido na forma de SNP foi eficaz na atenuação dos danos desencadeados pelo As, agindo tanto como antioxidante direto quanto como molécula sinalizadora. |