Resumo |
A madeira de eucalipto tem se tornado a principal matéria prima para a produção de polpa celulósica. No processo de produção, a partir da madeira é obtida uma polpa marrom, que devido ao seu uso em diversas aplicações comerciais como papeis de impressão e escrita, necessitam passar pelo processo de branqueamento. Para atender a um exigente mercado consumidor, que busca produtos de alta qualidade, mínimo impacto ambiental e baixo custo, faz-se necessário cada vez mais o desenvolvimento de processos de produção alternativos aos atuais. Vários estudos têm sido desenvolvidos mostrando que a fase final de branqueamento de polpa celulósica utilizando dióxido de cloro tem um desempenho satisfatório, apresentando ganhos de alvura significativos quando operado em pH próximo ao neutro (5,5-6,0). Atualmente, existem muitas plantas de branqueamento utilizando H2SO4 ou NaOH, a fim de ajustar o pH, no entanto, estes reagentes não são adequados para o controle do pH neste intervalo, uma vez que é difícil controlar o equilíbrio ácido-base na presença de ácidos ou bases fortes. Desta forma, os agentes tamponantes têm potencial aplicabilidade, uma vez que são compostos químicos em solução aquosa com capacidade para assegurar que o pH mantenha-se constante. Neste contexto, a utilização de um agente com propriedades desejáveis para formar um sistema de tamponamento in situ surge como uma alternativa interessante para o controle do pH quase neutro, durante todo o processo de branqueamento. O objetivo desse estudo foi o de investigar o efeito da utilização de dióxido de carbono (CO2) no estágio D1 da sequência de branqueamento D0D1(EP) para uma polpa celulósica kraft de eucalipto, buscando-se alvura de 90% ISO. A amostra de polpa celulósica utilizada foi coletada após a etapa de Pré-O2, apresentando alvura de 51,8% ISO, número kappa de 11,4 e viscosidade de 1.003 dm3/kg. A viabilidade do uso da tecnologia proposta nesse trabalho foi avaliada utilizando-se uma sequência padrão como referência, que foi comparada ao branqueamento com aplicação de CO2, mantendo-se fixa as condições da referência, exceto pela aplicação de quantidades otimizadas de CO2 e NaOH em D1. Uma economia de 3,0 kg de ClO2 por tonelada de polpa branqueada foi alcançada, quando a dose de 1,0 kg/tonelada de NaOH a 3 kg/tonelada de CO2 foi adicionada. Como esperado, observou-se uma ligeira redução da viscosidade final, o que pode ser explicado devido aos compostos gerados neste intervalo de pH devido a decomposição do dióxido de cloro. Além disso, verificou-se melhoria na estabilidade de alvura das polpas celulósicas branqueadas produzidas com controle de pH em relação à polpa referência. |