Resumo |
A temática discutida nesse projeto, intitulada Estudos comparados entre Gramsci e Freire, buscou analisar questões de educação recorrentes em Antonio Gramsci e Paulo Freire. O projeto em tela foi aprovado em 2011 para bolsa PROBIC-FAPEMG. Nos dois anos que se seguiram avançamos nesses estudos com objetivo de compreender as aproximações teórico-práticas dos autores referidos, bem como interpretar o momento educacional brasileiro inspirados em suas ideias. A sociedade está em constante transformação mantendo antigos problemas e colocando questões novas para a formação escolar e não escolar. Imersos em países que possuíam tradição de políticas educacionais recentes, e que perpetuavam problemas históricos de exclusão das classes populares da escola e do acesso a cultura socialmente produzida, entendemos que Gramsci e Freire são referências obrigatórias para as análises das políticas educacionais modernas. Este trabalho concentrou-se na análise da educação como eixo articulador entre formação humanística e formação técnica. Abordamos a concepção de escola e pudemos depreender que a mesma expressa na sua forma de ser e de organizar o momento histórico e social, refletindo os interesses dos grupos dominantes. O caminho percorrido na realização do projeto centrou estudos nas Cartas do Cárcere em Gramsci, que, a partir da realidade italiana observa as transformações escolares como resultado das transformações históricas e sociais, sobretudo aqueles derivadas do americanismo e fordismo. E, a partir do Brasil, estudamos Freire por meio das Cartas a Cristina, Cartas a Guiné-Bissau, Professora sim tia não e pedagogia da indignação. No conjunto da pesquisa chegamos às seguintes conclusões: tanto para Gramsci quanto para Freire, o estado se utiliza da educação para mediar interesses sociais e econômicos matizados nos campos teórico e prático, ou seja, o estado moderno mobiliza o processo formativo em decorrência das necessidades postas pelas classes dominantes. Os autores apontam alguns caminhos para a elaboração de campos formativos institucionais e extra-institucionais que contemplem a formação intelectual e prática, das classes subalternas: escola unitária e processos educativos a partir da realidade social e histórica dos educandos. No Brasil temos um conjunto de experiências que encerram certa semelhança com essas perspectivas, em termos de escola, a chamada escola integral. Espaço ideal para a concretização dos ideais de ambos os autores, desde que a ampliação da jornada escolar seja direcionada para uma formação integral e não apenas para o tempo integral. Outro ponto importante é a prática pedagógica do educador, na qual é necessária a atuação a partir das contradições sociais e para a superação das injustiças sociais. E por último, pudemos perceber a centralidade da temática educacional e escolar, pois a produção cultural de um tempo precisa ser democratizada chegando às classes populares de forma mais avançado do que o senso comum dominante. |