Resumo |
Este trabalho tem como objetivo compreender o fato de crianças em fase de alfabetização não adquirirem a habilidade da leitura e escrita proposta para essa fase. Há uma constante busca, expressas em pesquisas, que enseja uma alfabetização inclusiva principalmente para crianças de escolas públicas. Nesta busca permeia uma discussão conflituosa entre os pesquisadores, sobre a melhor forma de se alfabetizar. De um lado os defensores do chamado método sintético que propõe uma didática de alfabetização em torno das sílabas, fonemas, do outro o método analítico, através do trabalho com sílabas e método global. Parece-nos que o desafio da alfabetização atual é encontrar o equilíbrio entre teorias e métodos. A vivência dentro da escola nos levou a questionar e procurar compreender o fato das crianças que estão em fase de alfabetização não serem alfabetizadas. Isso nos exigiu o estudar das dificuldades de aprendizagem, dos diferentes métodos de alfabetização. Foi neste instante que nos interrogamos sobre a adaptação do Método Paulo Freire para crianças e o utilizamos como parte metodológica desta pesquisa, numa intervenção prática com duas crianças consideradas com dificuldades de aprendizagem. Constatamos que é possível trabalhar a alfabetização de crianças num estreito diálogo com as concepções de Paulo Freire. O respaldo das teorias de Freire em sala de aula requer entre vários pontos, principalmente uma postura de um professor que reflita constantemente sua prática, que veja a criança não como um vazio a ser preenchido, mas como ser atuante que precisa problematizar a realidade e a si mesmo. O avanço na alfabetização das duas crianças foi evidente, a desenvoltura da leitura e escrita se deu logo após um mês de trabalho. As crianças ficaram interessadas e motivadas com o trabalho. Acreditamos que um dos fatores, até mais importante que a metodologia utilizada, foi a atenção dada aos alunos, bem como a crença manifestada de que eles são inteligentes e a relação estabelecida. Assim, como fala Paulo Freire (1998) mais do que um método, precisamos de uma relação humana que acredite no potencial da criança. |