Resumo |
Os polidiacetilenos exibem uma notável transição colorimétrica de azul para vermelho devido a vários fatores externos e podem se organizar sob a forma de vesículas. Assim, apresentam potencial de aplicação como sensores para alimentos, já que não apresentam toxidade e em virtude da rapidez e facilidade de interpretação dos resultados. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a interação entre citrato de sódio (CS) e vesículas de ácido 10,12-pentacosadienóico (PCDA) e PCDA/esfingomielina (ES)/colesterol (CO), em diferentes condições de pH e força iônica, por meio da resposta colorimétrica (RC), medida de tamanho, diálise de equilíbrio e microcalorimetria de titulação isotérmica. As vesículas de ácido PCDA e PCDA/ES/CO foram preparadas de acordo com metodologias descritas na literatura. A solução de CS 10% (m/m) foi preparada em água deionizada. O CS interagiu com as vesículas de PCDA e PCDA/ES/CO no pH de síntese (X,X e X,X, respectivamente), induzindo alteração colorimétrica. Para as vesículas de PCDA, a RC foi de 60% em concentrações iguais ou superiores a 45 mmol/L do sal, o que indica uma saturação dos sítios de ligação entre CS e PCDA. A RC máxima das vesículas de PCDA/ES/CO foi de 25% na concentração de sal de 60 mmol/L. Estes resultados evidenciam a interação específica do CS com o PCDA e não com os cossolutos. A entalpia aparente de interação (∆ap-intH) entre CS e a vesícula de PCDA foi menos endotérmica do que com a de PCDA/ES/CO, indicando que a barreira potencial para a interação do citrato com a vesícula é menor no PCDA. Isto explica a maior RC no PCDA. A RC das vesículas de PCDA no pH 5,0 foi semelhante à das vesículas no pH de síntese. Para as vesículas de PCDA/ES/CO o aumento do pH para 5,0 provocou um aumento de aproximadamente 10% na RC. Os valores de ∆ap-intH foram similares aos obtidos no pH de síntese, o que evidencia que as forças eletrostáticas não contribuíram para a interação entre as duas espécies químicas e consequente transição colorimétrica. A RC na presença de 50 mmol/L de NaCl foi menor em ambas as vesículas, quando comparada com as vesículas sem o eletrólito. Observou-se que a ∆intH ficou mais exotérmica, para ambas as vesículas. Isto ocorreu porque o gasto energético para dessolvatar a vesícula ficou menor em função da liberação das moléculas de água, uma vez que os íons Na+ e Cl- competem com as vesículas por sítios de ligação com as moléculas de água. Entretanto, esta redução de energia não foi suficiente para aumentar a interação entre vesículas e citrato. A variação da energia livre de Gibbs (ΔintG), obtida pelos experimentos de diálise, foi negativa, mostrando que a interação entre CS e vesículas de PCDA e PCDA/ES/CO ocorre de maneira espontânea. A variação de tamanho das vesículas parece não estar relacionada com a transição colorimétrica das mesmas. Conclui-se que as vesículas polidiacetilênicas interagem com o CS e, portanto, apresentam potencial como sensor para este sal na indústria de alimentos. |