Resumo |
A sub-bacia hidrográfica da margem esquerda do Rio São Francisco, localizada na porção sudoeste da bacia hidrográfica da Represa de Três Marias, é uma das regiões com predominância do bioma Cerrado e remanescentes de Floresta da Mata Atlântica. Esta sub-bacia destaca-se das demais pertencentes ao Alto São Francisco por abranger a nascente deste rio, na Serra da Canastra, além de conter uma adensada malha hidrográfica, com grande potencial para aproveitamento hidroelétrico. Seu relevo predominantemente plano, favorece o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Com o acelerado crescimento da economia brasileira nas últimas décadas, esta sub-bacia vem sofrendo alterações na ocupação da terra, perdendo grandes porções da sua cobertura vegetal original. No presente estudo foram utilizadas bases de dados de uso da terra produzidos pela CODEVASF (2006), complementadas por dados mais recentes obtidos das classificações de imagens digitais feitas pelo IEF/MG (2009) e pelo INPE (2010). Devido às diferentes metodologias empregadas, definiram-se três classes finais: Água, Cobertura Vegetal e Uso Antrópico. Foi feita uma avaliação temporal dos conflitos de uso ao longo dos últimos 14 anos, comparando-se os valores correspondentes às três classes finais. Utilizaram-se os softwares Regeemy para ortorretificação das imagens LANDSAT 5, Erdas Imagine 9.2 para a classificação e o ArcGIS 10 para as edições dos mapas e demais análises espaciais. Os resultados das análises conduzidas para os anos 1995 – 1996 indicaram que a sub-bacia possuía 81,71% (741.120ha) da área total com Cobertura Vegetal e 15,42% (139.891ha) com Uso Antrópico, concentrado ao norte da bacia, devido à proximidade da Represa de Três Marias. Para os anos de 2003 – 2005, verifica-se um Uso Antrópico elevado ao longo da bacia hidrográfica, fragmentando a vegetação, estendendo-se por 67,82% (615.196ha) da área de estudos, e a Cobertura Vegetal ocupando 30,28% (274.665ha). Os resultados das análises para 2010 apontam um declínio no Uso Antrópico, que totalizou 59,69% (561.406ha) e um acréscimo na classe Vegetação Nativa, que passou para 38,43% (348.598ha). Nota-se uma grande homogeneidade na distribuição espacial das atividades antrópicas. Observou-se que as áreas de Cobertura Vegetal sofreram grande redução entre 1995 e 2005, caindo de 81,71% para 30,28% de ocupação, acompanhado de grande aumento de uso antrópico de 15,42% para 67,82%, devido a aceleração do crescimento e desenvolvimento da região. Entre 2005 e 2010 houve grande fragmentação da vegetação nativa, aumentando os efeitos de borda sobre sua biodiversidade. Desta forma, a área em estudo sofreu aumento considerável na ocupação da terra nos últimos 14 anos, reduzindo sua cobertura nativa. Antes concentradas na porção norte, expandiram-se por toda a bacia, causando fragmentação. Esta situação reafirma o quadro geral dos demais biomas brasileiros afetados pela expansão das fronteiras agrícolas. |