Resumo |
A maioria dos países ainda é muito dependente dos combustíveis de origem fóssil para atender as suas respectivas demandas por energia. Por se tratar de fontes não renováveis e por serem ambientalmente contestados, torna-se necessário desenvolver alternativas energéticas viáveis para competir com os combustíveis fósseis na matriz mundial. Uma dessas alternativas é o uso da biomassa, especialmente da madeira. Entretanto, apesar das vantagens econômicas e ambientais, a madeira e as outras biomassas apresentam algumas características negativas quando comparadas com as fontes fósseis, tais como o baixo poder calorífico, a alta umidade e a heterogeneidade física e química, que dificultam o seu uso direto na produção de energia. Uma técnica desenvolvida para contornar essa situação é o uso da torrefação, um tratamento térmico realizado entre as temperaturas de 200 e 300° C em ambiente com concentrações reduzidas de oxigênio. Essa técnica degrada os constituintes menos energéticos do material, concentrando um produto final com densidade energética elevada e com maior homogeneidade. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da temperatura de torrefação nas propriedades da madeira de Eucalytus sp. No procedimento experimental utilizou um torrefador rotatório com aquecimento a gás GLP e foram avaliados quatro tratamentos com três repetições cada, sendo eles constituídos por: partículas de madeira não torrificada e partículas torrificas até temperaturas de 170, 220 e 260° C. Posteriormente, procedeu com as análises química, física, térmica, além dos rendimentos em massa e energia das amostras submetidas a cada um dos quatro tratamentos. Depois de verificadas a normalidade e a homogeneidade dos dados, os resultados foram então comparados no software statistica através da ANOVA e do teste Tukey a 5%. Verificou-se uma tendência de variação das propriedades em função do aumento de temperatura. Comparando os extremos, madeira in natura (não torrificada) e madeira torrificada a 260° C, pode-se verificar um aumento das características positivas e uma redução das negativas. Por exemplo, houve variações no teor de carbono fixo (de 13,0 para 24,8%), do teor de lignina (de 32,7 para 52,2%), do poder calorífico superior (de 4465 para 4945 kcal/kg), da densidade a granel (de 239,1 para 396,0 kg/m³) e na umidade de equilíbrio higroscópico (de 12,27 para 5,69%). O rendimento em energia foi maior que o rendimento em massa no balanço final, com valores, por exemplo, de 83,9 % contra 75,7% para o tratamento de 260° C. Submetida a essa temperatura, a densidade energética da madeira passou de 882 para 1727 kcal/m³. A torrefação apresentou um efeito positivo nas propriedades energéticas da madeira, concluindo ser um tratamento tecnicamente viável e com potencial de exploração. Ressalta o uso do material torrificado para produção de pellets, gaseificação e co-geração de energia. |