Resumo |
O objeto desse trabalho é compreender como a educação se processa na escola, o funcionamento da gestão e as relações pedagógicas a partir da experiência do PIBID/PED 2011, na Escola Municipal José Lopes Valente Sobrinho, localizada na Estação Velha, zona rural de Viçosa, MG. Um dos aspectos analisados diz respeito às “dificuldades de aprendizagem” e ao “baixo desempenho escolar de alguns estudantes”, questões sempre colocadas como os maiores problemas, principalmente na escola pública e pobre. No desenvolvimento do PIBID, a observação constante e conversas com professores revelaram algumas práticas pedagógicas que se processam na escola, como a forma de alguns professores lidarem com esses problemas, como a divisão da sala de aula em grupos fracos e fortes, o maior investimento nos mais fortes e a praticamente desistência dos considerados mais fracos. Aos mais fracos são apontadas, quase sempre, diretamente, as fraquezas e a inutilidade: “esse não aprende mais”, “desisti desse já”, “tô cansada de tentar ensinar isso pra esse menino e ele não aprende de jeito nenhum”, “não sabe escrever letra cursiva”, “não sabe desenhar”, “não aprende”, “não faz nada” etc. Essas atitudes trouxeram para o projeto reflexões em torno da possível relação entre as chamadas “dificuldades” de aprendizagem e as expectativas negativas dos educadores em relação às crianças. Investigando a relação entre a criação de estereótipos e a construção da autoimagem e autoestima, o trabalho do PIBID foi sendo direcionado para duas ações complementares: o acompanhamento pedagógico às professoras em suas salas de aula e o trabalho com arte para todas as turmas da escola, como possibilidade de construção de aprendizagens e auto estima. O acompanhamento pedagógico aos professores em sala de aula pelas bolsistas tem proporcionado práticas pedagógicas mais integradoras entre as crianças, como outras organizações socioespaciais nas salas de aula e maior atenção para as crianças consideradas mais problemáticas. O trabalho com a arte, de forma individual ou coletiva, a partir do contato com diversos tipos de materiais e com a natureza, tem promovido a expressão de aspectos afetivo, social, cognitivo e ético das crianças. A discussão sobre o incentivo ou a rotulação como potenciais promovedores de sucesso ou de fracasso escolar, tem produzido novas práticas pedagógicas promotoras da autoestima, autoconfiança e melhorias no rendimento escolar de alguns estudantes considerados “fracos”. Esse relato aponta, entre outras coisas, para a importância do PIBID como instrumento de integração entre a universidade e a escola básica e de trocas de aprendizagens no processo de formação de professores. |