Resumo |
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerada um grave problema de saúde pública devido a sua alta prevalência no Brasil e no mundo. Apesar das evidências de que o tratamento anti-hipertensivo é eficaz em diminuir a morbimortalidade, a falta de adesão ao tratamento e a consequente falta de controle da HAS representam um grande desafio ao sistema de saúde no Brasil, fazendo-se necessário o desenvolvimento de ações eficazes e permanentes na abordagem desta síndrome. Desde esta perspectiva, o objetivo desse estudo é desenvolver estratégias de educação em saúde e nutrição visando à orientação de mudanças nutricionais indicadas no tratamento da HAS e avaliar a adesão dos portadores de HAS às intervenções realizadas no município de Porto Firme-MG. Os participantes do estudo foram alocados em 2 grupos. O grupo 1 é constituído pelos indivíduos que participam das oficinas educativas mensais, visando orientações para o tratamento não farmacológico da HAS. O grupo 2 é constituído por indivíduos que além das oficinas educativas mensais, recebem visitas domiciliares periódicas realizadas pelos pesquisadores, seguindo um programa de educação nutricional sistemático e acompanhamento familiar. Em abril de 2012, havia 697 portadores de HAS cadastrados no Sistema de Informação da Atenção Básica do município de Porto Firme-MG. Participaram do estudo, 318 portadores de HAS, o que representa 45,62% do total de portadores de HAS cadastrados no município. A média de idade é de 65,12 anos. Em relação ao sexo, 73,5% são do sexo feminino. A média de anos de estudo é 3,2, apontando para uma baixa escolaridade da amostra estudada. Até o momento, foram realizadas 8 visitas domiciliares (VD) e 8 oficinas educativas em grupo. Estas práticas educativas visam o desenvolvimento da autonomia, conscientização, empoderamento e co-responsabilização dos indivíduos no cuidado com sua própria saúde e dos familiares. As principais mudanças relatadas referem-se ao conhecimento adquirido em questões que envolvem os hábitos alimentares e prática de atividade física, conforme pode ser observado nos depoimentos: “(...) põe no prato o arroz ou o angu, não pode pôr tudo junto. Tem que ser um só né?“; “eu não caminhava! Não tinha negócio de dia sim dia não, depois que eu acostumei!”. Há ainda relatos de melhora na qualidade de vida:“Mudei muito viu. O corpo da gente melhora, né? A gente fica tranquila, tudo mudou e eu tô sentindo bem demais.” Quanto à importância das oficinas em grupos, ressalta-se relatos sobre o impacto destes na vida destas pessoas: “Eu gosto demais. Ouvindo a palestra, prestando atenção, você tá incentivando a mudar, né? Lá no grupo ensinando nós a ter a saúde né?”. Neste sentido, é possível inferir que as atividades de educação em saúde surtiram transformações, principalmente no que tange o cuidado à saúde. |