Resumo |
O arsênio é um metaloide tóxico considerado, por agências ambientais brasileiras e internacionais, como o elemento químico mais perigoso, sendo sua contaminação em águas uma ameaça a saúde pública. Estudos sobre toxicidade do arsênio têm avaliado os efeitos do arsenito de sódio sobre a histofisiologia testicular, sem caracterizar seus efeitos sobre a morfologia do epidídimo. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da ingestão de diferentes concentrações de arsênio, na forma de arsenito de sódio, sobre a morfometria epididimária. Para isto, quinze ratos Wistar machos foram pesados e aleatoriamente divididos em três grupos experimentais (n = 5 animais/grupo). Os animais controle beberam solução salina a 0,9% ad libitum, enquanto que os animais tratados beberam diariamente 30 mL de solução de arsênio, na forma de arsenito de sódio, nas concentrações de 0,01 mg/L e 10 mg/L por 56 dias. Os ratos foram eutanasiados (CEUA número 19/2011) e o epidídimo direito foi removido e seccionado para obter um fragmento das regiões cabeça, corpo e cauda. Os fragmentos foram fixados em solução Karnovsky por 24 horas e posteriormente embebidos em glicol metacrilato (Historesin) para obtenção de cortes histológicos de 3 µm de espessura. As seguintes mensurações foram realizadas: diâmetro tubular (µm) e luminal (µm) e proporção volumétrica (%), considerando componentes do compartimento tubular (epitélio, túnica própria, lúmen com espermatozoides e lúmen sem espermatozoides) e compartimento intertubular (vasos sanguíneos, tecido conjuntivo e músculo liso). Os dados foram obtidos utilizando-se uma grade com 266 interseções incididas sobre 10 imagens digitais de campos histológicos aleatórios de cada região por animal. As imagens foram analisadas pelo software Image Pro Plus 4.5. Os resultados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e teste de Student Newman Kells (P < 0,05). Não foram observadas diferenças entre os tratamentos para os parâmetros analisados, diâmetro tubular e luminal e a proporção volumétrica, nas regiões da cabeça e do corpo (P > 0,05). Já a região de cauda apresentou diferença apenas no percentual de lúmen sem espermatozoide, que foi maior nos animais tratados com 10mg/L de arsenito de sódio (9,09±4,06%) quando comparados aos animais do grupo controle (2,77±1,24%). Dessa forma, pode-se concluir que a ingestão de 10 mg/L de arsênio, na forma de arsenito de sódio por 56 dias, resultou em aumento na proporção de lúmen sem espermatozoide na região da cauda do epidídimo. |