Resumo |
Uma enorme quantidade de resíduos é gerada diariamente pelo processo produtivo das agroindústrias, sendo necessárias diferentes opções para sua utilização, visando agregar valor ao que normalmente é descartado. Existem várias formas para o aproveitamento, destacando-se a geração de energia pela queima direta, transformação em briquetes e pellets e a conversão em carvão vegetal, que além de contribuírem para a racionalização dos recursos agroflorestais, indicam uma alternativa econômica para o setor industrial. O objetivo do trabalho foi avaliar o potencial energético das principais biomassas encontradas em larga escala no Brasil: bambu; bagaço de cana-de-açúcar; casca de café; serragem de Eucalyptus e capim-elefante para produção de carvão vegetal. Os materiais foram submetidos à carbonização em mufla com temperaturas finais de 250, 300, 350 e 400°C e taxa de aquecimento média de 2oC/min. Para caracterização dos resíduos procedeu-se a análise química imediata a fim de obter os teores de carbono fixo, cinzas e materiais voláteis segundo a norma ABNT NBR 8112 e determinação poder calorífico de acordo com a norma ABNT NBR 8633. Para o carvão, determinou-se o rendimento gravimétrico e também a análise química imediata. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e quando estabelecidas diferenças significativas entre eles, aplicou-se o teste Tukey a 5% de significância. Para os resíduos não-carbonizados, o bambu, bagaço de cana e serragem, apresentaram os maiores teores de voláteis, portanto espera-se que os mesmos apresentem um desprendimento mais rápido de energia durante a queima. O capim-elefante obteve o maior teor de cinzas (7,80%). Altos teores de cinzas são indesejáveis, devido à maior necessidade de limpeza dos cinzeiros e redução da eficiência do processo. Quanto ao carbono fixo, destacou-se a casca de café, que obteve 17,31%. O bambu obteve o maior poder calorífico (4589 kcal/kg). Para os materiais carbonizados verificou-se que à medida que aumentou a temperatura de carbonização ocorreu um decréscimo no rendimento gravimétrico e no teor de materiais voláteis e um acréscimo de carbono fixo e teor de cinzas. Essas reduções eram esperadas, visto que quanto maior a temperatura, maior é a degradação térmica dos constituintes químicos da biomassa. O carvão da serragem apresentou o menor teor de cinzas e os maiores teores de voláteis. Os de capim-elefante e de casca de café apresentaram os maiores valores de cinzas. O carvão de bambu apresentou os maiores teores de carbono fixo e os de capim-elefante, casca de café e serragem obtiveram baixos teores em todas as marchas, sendo recomendado temperaturas superiores a 400oC para obtenção de um teor de carbono fixo aceitável para os diferentes usos do carvão. As biomassas apresentaram potencial energético satisfatório. No entanto, o bambu apresentou o maior potencial para geração de energia, pois obteve os menores teores de cinzas e maior poder calorífico. Bolsista: Embrapa Floresta |