Resumo |
Characidae é a maior e mais complexa família da ordem Characiformes, incluindo 88 gêneros em condição incertae sedis, sendo Astyanax o maior deles. Estudos citogenéticos realizados em espécies do gênero Astyanax evidenciam grande diversidade cariotípica, sugerindo que alguns táxons nominais não representam o nível real de biodiversidade. Nesse contexto, a caracterização citogenética das espécies de Astyanax é potencialmente informativa no esclarecimento das relações filogenéticas entre as espécies do gênero. O objetivo desse trabalho foi a caracterização citogenética da população de Astyanax sp localizados no alto rio Doce entre os municípios de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, no reservatório da UHE Risoleta Neves. Vinte-e-um espécimes de Astyanax sp foram coletados e processados para estudos citogenéticos. A técnica de coloração convencional (com corante Giemsa) foi utilizada para a caracterização da morfologia cromossômica e número diplóide; o padrão de banda Ag-NORs evidenciou as regiões organizadoras de nucléolo, a técnica de banda C evidenciou as regiões de heterocromatina e a coloração com DAPI evidenciou as regiões cromossômicas ricas em AT. A população de Astyanax sp apresentou citótipos simpátricos, com variações cromossômicas inter e intraindividuais, dentro do número diploide de 2n=50. Os resultados indicam o seguinte padrão de variação: macho ct3269 = 6m, 30sm, 10st, 4t e 10m, 30sm, 2st, 6t; fêmea ct3208 = 7m, 18sm, 16st, 9t; fêmea ct3202 = 7m, 16sm, 20st, 7t; fêmea ct2965 = 10m, 10sm, 18st, 12t. Os espécimes não apresentaram cromossomos sexuais. As regiões organizadoras de nucléolo, Ag-NORs, apresentaram grande variação em suas marcações, sendo característico para o gênero Astyanax, observando dois a cinco pares de cromossomos marcados, porem as regiões marcadas pela técnica são somente àquelas ativas na última interfase e sabe-se que nem todas as regiões de NORs podem estar ativas, sendo o provável motivo da grande variação de marcações. As regiões de heterocromatina encontradas para os espécimes dessa população estão localizadas nas regiões pericentroméricas e intersticiais, ricas em AT. Com base nos padrões observados, conclui-se que os espécimes apresentam: a) inversões e/ou translocações cromossômicas ou b), os espécimes analisados podem ser híbridos, uma vez que seu material citogenético não se enquadra no esperado para populações panmícticas. |