Resumo |
O mamão (Carica papaya L.) é um fruto importante do ponto de vista nutricional e econômico. O Brasil é o segundo maior produtor, atrás apenas da Índia na produção mundial. É um fruto altamente perecível, sendo as doenças fúngicas de pós-colheita, principalmente a antracnose, causada pelo Colletotrichum gloesporioides, as maiores causas de sua depreciação, com perdas na comercialização. O processo normalmente utilizado para controle dessa doença em pós-colheita inclui tratamento hidrotérmico dos frutos a 49 °C por 20 min, com posterior resfriamento por igual período, além da aplicação de fungicidas. Porém, o uso de defensivos químicos representa riscos ao meio ambiente e à saúde humana, principalmente pela presença de resíduos tóxicos, sendo necessário esperar um período de carência para o consumo dos frutos após a aplicação de tais produtos. As desvantagens ligadas aos tratamentos convencionais tornam necessária a busca de novos métodos de controle da antracnose na pós-colheita do mamão. Uma das alternativas é a utilização do gás ozônio (O3), por ser um forte agente oxidante e antimicrobiano, que pode ser gerado no local de aplicação, descartando a necessidade de manipulação, armazenamento ou eliminação de embalagens. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia do ozônio dissolvido em água para controle da antracnose em mamões. Foram utilizados mamões ‘Golden’, colhidos no estádio de maturação 1, com até 15% de cor amarela. Os frutos foram inoculados com suspensão de conídios de C. gloesporioides, na concentração de 2,3 x 106 UFC mL-1. Posteriormente procedeu-se à ozonização dos frutos em tanque com água contendo ozônio dissolvido na concentração de 0,8 mg L-1, pelos períodos de 40, 80, 120 e 160 min, em três repetições. Como controle foram utilizados frutos não ozonizados. Após esse processo, os frutos foram armazenados em câmaras climáticas a 11 °C e 80 a 85% UR por 15 dias, para simular as condições de transporte do mamão para países importadores. Nesse período, foi analisado o percentual de área lesionada, estimado com base na área das lesões em relação à área superficial dos frutos, no primeiro e no 15° dia. Posteriormente, a temperatura da câmara foi modificada para 25 °C, sendo feitas análises de percentual de área lesionada nos 17°, 19°, 21° e 23° dias de armazenamento. Durante o armazenamento a 11 °C, não houve aumento significativo de área lesionada por antracnose. Durante o armazenamento a 25 °C, foi verificado menor percentual de área lesionada nos frutos tratados com ozônio, em comparação aos não tratados. Pode-se concluir que a aplicação do ozônio dissolvido na água, na concentração de 0,8 mg L-1 foi eficaz na diminuição da severidade de antracnose na pós-colheita de frutos de mamão ‘Golden’, sendo os melhores resultados obtidos com aplicação por 160 min. |