Resumo |
Embora se conheça o potencial do gás ozônio como inseticida fumigante no controle de insetos-praga de produtos armazenados, os trabalhos encontrados na literatura enfatizam quase sempre o seu efeito sobre os insetos na ausência de grãos. São escassas as informações a respeito do uso do ozônio no controle de insetos no interior de uma massa de grãos. Diante do exposto, este estudo teve por objetivo avaliar a toxicidade do ozônio para Rhyzopertha dominica (Fabr.) (Coleoptera: Curculionidae) em diferentes camadas de uma massa de grãos de trigo. Foram utilizados, insetos adultos da espécie R. dominica obtidos de criação de laboratório. A toxicidade do ozônio para os insetos foi determinada por meio de estimativas dos tempos de exposição letais para 50 e 95% dos insetos adultos (TL50 e TL95). As curvas de tempo-resposta foram estabelecidas mediante bioensaios com períodos crescentes de exposição ao gás. O ozônio foi aplicado na concentração de 1,61 mg L-1 e fluxo contínuo de 2 L min-1. Os grãos foram ozonizados no interior de recipientes cilíndricos de PVC com 20 cm de diâmetro e 100 cm de altura. No interior de cada recipiente cilíndrico foi utilizada uma massa de 7,0 kg de grãos de trigo. A 10 cm do fundo de cada recipiente, colocou-se uma tela metálica para sustentação dos grãos e formação de um plenum, para melhor distribuição do gás. Nas tampas inferior e superior dos cilindros foram instaladas conexões para injeção e exaustão do gás, respectivamente. Os insetos, 20 adultos não-sexados, foram acondicionados em gaiolas plásticas com 10,5 cm de diâmetro e 9,0 cm de altura, contendo 400 g de grãos de trigo inteiros. As gaiolas foram distribuídas no interior da massa de grãos em três pontos distintos, sendo uma na parte basal (sobre o plenum), uma na parte mediana e outra na parte superior. O experimento foi feito em três repetições, para cada período de exposição ao gás ozônio e ao ar atmosférico (controle). A mortalidade dos insetos foi avaliada 48 h após cada período de exposição. Observou-se que os períodos de exposição ao ozônio, necessários para ocasionar a mortalidade de 50% (TL50) e 95% (TL95) de R. dominica, aumentou à medida que se aumentou a distância entre as gaiolas contendo os insetos e o ponto de injeção do ozônio. Os maiores tempos-letais para controlar 50 e 95% de R. dominica foram de 13,08 e 18,11 h, respectivamente, quando os insetos foram distribuídos na camada superior da massa de grãos de trigo. Já os menores TL50 e TL95 foram de 8,69 e 11,28 h, respectivamente, quando os insetos foram distribuídos sobre o plenum. Conclui-se que os tempos-letais (TL50 e TL95) foram maiores à medida que os insetos foram afastados do ponto de injeção ao gás ozônio. |