Resumo |
No Brasil, os meliponíneos (Hymenoptera: Apidade, Meliponini) constituem um importante grupo de polinizadores de plantas nativas e cultivadas. Supostamente, diversos fatores, como o uso inadequado de inseticidas, têm contribuído para a redução populacional desses insetos. Neste trabalho, nós investigamos a hipótese de que a mortalidade das larvas de meliponíneos aumenta em virtude da ingestão de alimento larval contaminado com um inseticida botânico denominado nim. Verificamos também se a ingestão do produto altera o tempo de desenvolvimento larval de uma espécie de meliponíneo. Para isso, foram conduzidos bioensaios com a abelha Melipona quadrifasciata. Nos ninhos da espécie foram coletados ovos de abelha e alimento larval. Os ovos foram transferidos para células artificiais de cria e mantidos sobre o alimento. Após a eclosão, as larvas ingeriram o alimento ao longo do desenvolvimento. As larvas foram tratadas com diferentes dietas: tratamento controle (alimento puro) ou alimento contaminado com nim em diferentes concentrações (4,2 ng, 8,4 ng, 42,0 ng, e 840,0 ng de azadiractina/abelha), que correspondem respectivamente às diluições de 1000, 500 100, 5 vezes em relação à dose de campo recomendada (250 ml de Azamax/100L de água). As células de cria foram mantidas em frascos dessecadores acondicionados em BOD, em temperatura de 28ºC, umidade de 98% e 24 horas de escotofase. Diariamente era feita a avaliação dessas larvas com o intuito de observar a sobrevivência e o desenvolvimento, até chegarem à fase de pupa. Cada tratamento continha 24 ovos individualizados nas células de cria. Ao final do experimento, foi observado que não houve efeito significativo da ingestão de nim sobre a sobrevivência larval (X² = 4,14, g.l. = 4, p = 0,387), mas o tempo de desenvolvimento larval foi alterado em virtude do tratamento com o nim (F4,7 = 163,37, p < 0,001). A ingestão da maior concentração de azadiractina (840 ng/abelha) retardou o desenvolvimento larval em relação ao controle (q = 525,1; g.l. = 4,75; p < 0,001). |