Resumo |
O projeto “Sistemas Agroflorestais na Zona da Mata de Minas Gerais: sistematizar as experiências para apreender as lições” é continuidade de um trabalho iniciado em 2008, que tem por objetivo contribuir para a transição agroecológica de agricultores da Zona da Mata Mineira. Para isto, o projeto articula-se com diferentes instituições, como sindicatos de trabalhadores rurais, associações de agricultores(as), o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata e a UFV. O projeto organiza atividades de intercâmbios de experiências em cinco municípios da região: Araponga, Acaiaca, Caparaó, Divino e Espera Feliz. Os intercâmbios ocorrem nas propriedades dos agricultores familiares e reunem famílias do município, técnicos do CTA, professores e estudantes da UFV com o objetivo de trocar experiências e construir novos aprendizados. Foram realizados este ano, até o momento, mais de 12 Intercâmbios Agroecológicos. As atividades iniciaram-se nos meses de fevereiro e março, com objetivo iniciar de planejar e identificar as práticas agroecológicas nas comunidades. Houve atividades de intercâmbios municipais e intermunicipais, onde agricultores de diferentes comunidades tiveram oportunidade de se conhecerem e trocarem saberes e experiências agroecológicas. Além dos sistemas agroflorestais, onde espécies arbóreas principalmente nativas e frutíferas são utilizadas no consórcio em especial com café e pastagens, as criações animais, as questões de acesso aos mercados, a segurança alimentar, a conservação de recursos naturais, as políticas publicas e a identidade e cultura foram temas dos intercâmbios. A discussão sobre os impactos causados no meio ambiente e na vida dos agricultores pelo uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos também estão presentes. Como alternativa a estas práticas, nos intercâmbios incentiva-se a diversificação da produção, em especial com os sistemas agroflorestais. Com a diversificação tem-se aumentado a produção de biomassa, a ciclagem de nutrientes e a diversificação dos produtos para a alimentação e comercialização. Nos intercâmbios divulgam-se tecnologias sociais utilizadas pelos próprios agricultores com relação a manejo e poda de árvores, o manejo da matéria orgânica e o manejo da vegetação espontânea. As práticas agroecológicas voltadas para a criação animal, que vão desde a alimentação animal aos tratos específicos da criação também são socializadas. As famílias agrícolas participantes dos Intercâmbios relataram o aumento da agrobiodiversidade em suas propriedades. A partir do aumento da diversificação da flora houve também aumento da fauna e maior conservação dos recursos naturais. Está ocorrendo também maior conservação das matrizes genéticas de espécies cultiváveis nas propriedades. Segundo os próprios agricultores, os intercâmbios e as práticas agroecológicas utilizadas por eles, estão proporcionando uma melhora na qualidade de vida da família, garantindo uma maior segurança alimentar e econômica destes. |