Resumo |
As inovações referentes ao campo da ciência e tecnologia têm alcançado novas dimensões no âmbito da comunicação, principalmente por conta do espaço que tais discussões ganham nas mídias. Todavia, ciência e tecnologia encontram barreiras em sua popularização pelo fato de se estruturarem num modelo de comunicação diferenciado, organizado sob uma linguagem rebuscada e distante da sociedade em geral. Ao serem levadas para as mídias, essas duas áreas precisam passar por uma reconfiguração de linguagem que lhes permita dialogar diretamente com as camadas sociais. Nesse sentido, o presente trabalho buscou analisar a divulgação da tecnologia no telejornalismo da TV Integração, de Juiz de Fora - MG. O material selecionado para análise foram três reportagens do telejornal MGTV 1° edição, exibido pela emissora citada. O telejornal tem duração de 45 minutos, com início às 12 horas e término às 12:45 da tarde e seu público abrange o Campo das Vertentes e a Zona da Mata de Minas Gerais. As reportagens fazem parte do quadro MGTec, exibido semanalmente pelo telejornal (todas as quartas-feiras). Para efeitos de análise neste trabalho, a discussão esteve detida às edições do MGTec exibidas em janeiro de 2013, que foram disponibilizadas no site da emissora. Levamos em consideração as visadas discursivas propostas por Patrick Charaudeau, pontuando qual das visadas se sobressaía em cada uma das reportagens. Além disso, identificamos em cada matéria os dados externos do contrato de comunicação (identidade, finalidade, circunstância e propósito). Tendo em vista tais considerações, constatamos que as reportagens se valeram do uso de três visadas discursivas: instrutiva, prescritiva e informativa. A utilização de tais visadas levou em conta, respectivamente, os interesses específicos pretendidos em cada reportagem: instruir o público, indicar maneiras de se proceder em determinadas situações ou ainda informar o público sobre aspectos considerados relevantes. Podemos dizer, portanto, que as questões tecnológicas assumem visadas distintas no discurso televisivo, a depender do enfoque dado e pretendido pela instância de produção. Para transmitir conteúdos relativos à tecnologia e, dessa maneira, popularizá-los, a TV assume seu papel de mediadora no contrato de comunicação, valendo-se de mecanismos facilitadores na construção do discurso, ou seja, a utilização de linguagem simples, aliada a personagens (fontes) que legitimem os processos tecnológicos em questão. Assim, o jornalismo científico e a produção telejornalística se aliam num processo voltado para a popularização desse saber específico – o tecnológico. |