Resumo |
A aplicação sucessiva de inseticidas para o controle de pragas em produtos armazenados tem deixado resíduos tóxicos nos grãos e subprodutos. Essa situação tem motivado o desenvolvimento de tecnologias capazes de degradar os resíduos dos agrotóxicos nos alimentos antes do consumo. Uma estratégia potencial para o tratamento de resíduos consiste no uso do gás ozônio, um poderoso agente oxidante com eficácia reconhecida na degradação de resíduos de agrotóxicos em água e alguns alimentos. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo estudar a cinética de degradação dos resíduos do inseticida bifentrina em grãos de milho sob exposição ao ozônio. Na realização dos ensaios utilizaram-se grãos de milho tratados com o inseticida Prostore 25 CE® na dose recomendada pelo fabricante (16,0 mL t-1), a qual fornece uma concentração teórica de bifentrina igual a 0,4 mg kg-1. Os grãos tratados com bifentrina foram expostos ao ozônio na concentração de 0,86 mg L-1 e fluxo contínuo de 1,0 L min-1, em diferentes períodos de exposição (0,0; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0; 9,0; 10,0; 11,0 e 12,0 h). A concentração do ozônio foi quantificada, utilizando-se o método iodométrico, por titulação indireta. Como controle, os grãos de milho tratados com os inseticidas foram expostos ao oxigênio nas mesmas condições e períodos utilizados para ozonização. Os resíduos dos inseticidas foram extraídos dos grãos utilizando-se a técnica de extração sólido-líquido com partição em baixa temperatura (ESL-PBT). Os extratos obtidos foram analisados por cromatografia gasosa com detecção por captura de elétrons. Os dados das concentrações residuais da bifentrina em função do período de exposição ao ozônio, foram ajustados aos modelos cinéticos de ordem zero, primeira ordem e segunda ordem. Os níveis dos resíduos de bifentrina variaram significativamente entre os grãos expostos ao ozônio e ao oxigênio (F1;2=382,25 e P=0,0026). Também houve variação significativa entre os períodos de exposição a estes tratamentos (F12;50=11,45 e P<0,0001), bem como interação significativa entre os tratamentos e períodos de exposição (F12;50=15,01 e P<0,0001). Observou-se que a concentração de bifentrina nos grãos de milho reduziu significativamente ao longo do período de exposição ao ozônio, porém manteve-se constante no controle. A concentração do inseticida nos grãos ozonizados apresentou redução de 0,38 para 0,05 mg kg-1. O modelo cinético que melhor se ajustou aos dados de degradação dos resíduos da bifentrina pelo ozônio foi o de primeira ordem. Desta forma conclui-se que o ozônio foi eficiente na degradação dos resíduos da bifentrina e que o modelo cinético de primeira ordem é o mais adequado para explicar o processo de degradação. |