Resumo |
Introdução: O potássio (K) é o principal eletrólito intracelular e determinante no potencial elétrico. Durante o exercício ele é liberado do meio intracelular para o extracelular e posteriormente para a corrente sanguínea. Qualquer alteração significativa da sua concentração normal (3,5 a 5 mEq/L) pode causar efeitos na condução dos impulsos nervosos, acometendo principalmente o músculo cardíaco, considerando a hipercalemia. O presente estudo visa avaliar a influência da composição de refeições pré-exercício de diferentes índices glicêmicos e o tipo de hidratação nos níveis de K antes e durante o exercício. Métodos: Foram avaliados 12 homens saudáveis com médias de idade: 23 ± 2,05, IMC: 23,97 ± 1,65, % gordura: 13,47 ± 2,29 e VO2máx(extrapolado): 41,32 ± 8,73. Os voluntários realizaram três sessões experimentais pré-exercício: de alto índice glicêmico (AIG); de baixo índice glicêmico (BIG); e em estado de jejum, sendo nesta última oferecida duas formas de hidratação durante o exercício, água ou bebida carboidratada (CHO). As refeições eram oferecidas 30 minutos antes de um exercício em cicloergômetro com duração de uma hora na faixa de 60 a 70% do VO2máx(extrapolado). Amostras de sangue foram obtidas após 10 horas de jejum, 15 e 30 minutos de repouso e a cada 20 minutos em exercício. As dosagens de K foram realizadas utilizando-se o equipamento Abbott i-STAT. Todos os dados foram analisados utilizando-se ANOVA. Resultados: Houve diferença entre os tratamentos apenas entre o procedimento de jejum com hidratação CHO em relação ao de BIG no tempo de 60 minutos de exercício (p=0,019), atingindo as médias de 4,8 e 5,2 mEq/L respectivamente. Na análise temporal todos os valores de repouso foram inferiores aos de exercício no experimento de jejum com hidratação com água (p<0,05), e apesar do comportamento semelhante no procedimento de jejum com hidratação CHO, aos 60 minutos de exercício os valores de K foram similares com os de repouso. Após 30 minutos de consumo da refeição de AIG, que contém banana, o nível de K aumentou (p<0,05) e se manteve durante todo o exercício, enquanto que após o consumo da refeição de BIG esses níveis se elevaram (p<0,05) apenas com 40 minutos de exercício. Importante destacar que durante o exercício após a ingestão alimentar de ambas as dietas, foram observadas médias com níveis superiores a 5 mEq/L. Conclusão: Os dados indicam que quando o exercício é realizado em estado de jejum, a hidratação CHO parece ser mais eficaz na manutenção dos níveis normais de K ao longo do tempo. Já com a ingestão pré-exercício, os alimentos componentes parecem ter influenciado na resposta, antecipando ou prorrogando o aumento desses níveis. Contudo, é importante considerar que a resposta metabólica durante o exercício aumenta os níveis de K naturalmente. Os aumentos nos níveis de K encontrados no estudo não podem ser considerados de risco aos indivíduos saudáveis que praticam atividade física, independente da dieta pré-exercício realizada. |