Resumo |
A literatura tem mencionado a ocorrência de helmintos de interesse higiênico-sanitário que ocorrem em peixes piscívoros e em aves aquáticas, como o pingüim de Magalhães, sendo que nessas aves, especificamente, é observado alterações pelo nematóide Contracaecum pelagicum. As alterações observadas por este nematóide estão relacionadas a processos inflamatórios e obstrução, podendo levar a morte. Em relação ao combate direto de helmintoses em pingüins de Magalhães o que se preconiza é a utilização de anti-helmínticos, no entanto, salvo algumas situações de sucesso, deve-se também entender o problema da resistência parasitária nestes animais, mesmo ainda não se conhecendo real situação científica dessa possível resistência. Dessa forma, a sociedade tem cada vez se preocupado em buscar alternativas ao uso excessivo dessas drogas, frente a um panorama biosustentável e, nesse caso pesquisas envolvendo fungos nematófagos e estruturas vegetativas (conídios e ou clamidósporos) com capacidade ovicida e ou larvicida tem sido muito estudados. A espécie Pochonia chlamydosporia é nematófaga ovicida e potencialmente um biocontrolador de ovos de helmintos. Sendo assim, a presente proposta pode ser uma ferramenta alternativa ao controle de parasitos gastrintestinais nestes animais, principalmente aqueles em recuperação nos centros de reabilitação encontrados pelo Brasil. O presente estudo teve como objetivo observar a interação do fungo nematófago P. chlamydosporia sobre ovos do nematóide C. pelagicum a partir de quatro concentrações de clamidósporos (500, 1500, 2000 e 3000) em condições de laboratório e intervalos diferentes. Ovos de C. Pelagicum foram obtidos por meio da dissecação de exemplares fêmeas adultas que foram obtidas a partir de necropsia de um pinguim de Magalhães (Spheniscus magellanicus) no Instituto de Pesquisa de Animais Marinhos (IPRAM). O efeito ovicida foi avaliado de acordo com alterações morfológicas visualisadas a partir da casca dos ovos. No final do experimento, houve diferença significativa (p <0,01) na destruição de ovos nas quatro concentrações testadas em relação ao grupo controle em cada intervalo estudado. Não foi observada diferença (p>0,01) na destruição dos ovos. Na concentração de 3000 clamidósporos foi observada a maior percentagem de destruição dos ovos (46,2%) de C. pelagiucum. O fungo testado foi capaz de colonizar e destruir ovos de C. pelagicum, sendo este o primeiro relato da ação de um fungo nematófago sobre ovos de helmintos parasitos de pinguins de Magalhães, o que poderá contribuir com o controle em centros de pesquisas de animais marinhos. |