Resumo |
Algumas informações têm sido acumuladas ao longo do tempo sobre células endócrinas de mamíferos e pássaros, no entanto poucos trabalhos descrevem estas células em anfíbios. E os escassos trabalhos que existem as descrevem em regiões específicas como no intestino. Assim, com a finalidade de enriquecer a literatura sobre células endócrinas em anfíbios e a morfologia do tubo digestivo desta Classe, o presente trabalho teve como objetivo verificar a presença de células enteroendócrinas bem como caracterizar histologicamente o tubo digestivo das espécies anuras Rhinella pombali, Hypsiboas semilineatus e Dendropsophus elegans, bem como de cada uma dessas. Para o desenvolvimento desse trabalho foram coletados cinco espécimes de cada espécie no município de Viçosa-MG. Os animais sofreram eutanásia pelo método de perfuração cranial. O tubo digestivo foi retirado e fragmentado em: esôfago; estômago; intestino delgado e intestino grosso. Os fragmentos foram fixados em Formalina de Carson por 24h, desidratados por meio de uma série etílica, e incluídos em parafina. O material foi seccionado com o emprego de um micrótomo, os cortes foram submetidos aos seguintes protocolos de coloração: Hematoxilina-Eosina, para descrição geral do trato digestório; Grimellius, para células endócrinas argirófilas, que absorvem sais de prata que são posteriormente reduzidos por meio de uma substância redutora; e Masson Fontana Modificado, para células endócrinas argentafins, que absorvem e reduzem diretamente os sais de prata. Para o registro fotográfico das secções foi utilizado um microscópio óptico, com câmera digital acoplada e um sistema de captura de imagens. A observação das imagens permitiu a descrição morfológica do tubo digestivo desses animais e a verificação de células endócrinas argirófilas e argentafins, possibilitando assim algumas comparações entre as três espécies descritas neste trabalho. Verificou-se que as três espécies possuem a parede do órgão constituída de quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. O esôfago das três espécies possui epitélio pseudo-estratificado ciliado, com células argirófilas e argentafins localizadas entre as células ciliadas e as caliciformes. O estômago possui um epitélio simples prismático mucossecretor, que se invagina formando fossetas, nas quais desembocam as glândulas gástricas constituídas de células mucosas e células oxintopépticas, além de células endócrinas, particularmente na extremidade basal do epitélio glandular. O intestino possui um epitélio simples com células absortivas prismáticas e células mucossecretoras caliciformes. As absortivas são mais abundantes no intestino delgado e as mucossecretoras, no intestino grosso. As células endócrinas estão inseridas entre as células epiteliais da mucosa intestinal. Comparando as três espécies estudadas, a densidade aparente e o padrão de distribuição das células endócrinas foi semelhante, com pequenas variações. |