Resumo |
Este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi conhecer, descrever e analisar as trajetórias escolares de estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), aprovados no âmbito do Programa Jovens Talentos para a Ciência (PJT), em 2012. As indagações que deram origem a pesquisa foram: (i) como os universitários da UFV, selecionados no âmbito do Programa Jovens Talentos para a Ciência, construíram suas carreiras escolares? (ii) quais as práticas que tornaram possíveis seus destinos escolares? (iii) qual o peso (e as inter-relações) da mobilização escolar familiar e da mobilização dos próprios sujeitos na construção desses percursos escolares? A seleção dos estudantes, sujeitos dessa pesquisa, obedeceu a dois critérios. O primeiro deles se refere à frequência a cursos de graduação nas áreas contempladas no Ciência sem Fronteiras, visto que a criação do PJT tem como objetivo qualificar estudantes para posterior ingresso nesse Programa. O segundo critério foi selecionar estudantes de cursos de graduação que tiveram o maior número de aprovados na seleção de 2012 do PJT. Foram entrevistados universitários dos cursos de Engenharia Química, Engenharia Mecânica e Medicina, pois estes cursos foram os que obtiveram maior número de aprovados no PJT, 2012. Os dados dessa pesquisa foram coletados através de entrevistas semidiretivas. Os dados empíricos foram analisados privilegiando-se a singularidade dos percursos escolares por meio da reconstituição de cada uma das biografias escolares (cf. Lahire (1997, 2004), Vianna (1998) e Lacerda (2006). Os dados empíricos da pesquisa mostram que os três estudantes universitários da UFV selecionados no PJT em 2012 participantes da pesquisa construíram suas carreiras escolares com forte mobilização das famílias. Houve mobilização das famílias em relação às práticas educativas no sentido de assegurar a presença e o bom desempenho dos filhos na escola, através de incentivo e atitudes de valorização e significado positivos atribuídos à escola e ao saber escolar, desde o início da escolarização, a escolha dos estabelecimentos escolares que melhor atendiam as expectativas de uma escolarização sem riscos de insucesso escolar, auxílio dos pais nas tarefas escolares, incentivo dos pais e de alguns membros da família para cursarem o ensino superior, frequência a cursos de línguas estrangeiras e isso influenciou a mobilização e autodeterminação dos filhos na condução de seu próprio percurso escolar e acesso ao ensino superior. Assim, a mobilização dos próprios estudantes em seus percursos escolares pode ser compreendida através das práticas e estratégias de desempenho escolar satisfatório, dedicação ao trabalho escolar, com estudo prévio para as provas, mantendo os deveres de casa em dia e disciplina no uso do tempo e, consequentemente, adquirindo competências do jogo escolar e que resultou no ingresso ao ensino superior. |