Resumo |
O presente trabalho descreve as atividades desenvolvidas em 2013 com estudantes surdos de escolas públicas de Viçosa, de forma a possibilitar que eles construam um melhor entendimento dos assuntos relacionados aos conteúdos de Ciências. Estas atividades são realizadas no Espaço Ciência em Ação (Vila Giannetti), que é vinculado ao Departamento de Química da UFV e se destina à realização de atividades de extensão relacionadas com a divulgação e popularização da Ciência. Semanalmente, os estudantes surdos vão a esse espaço para terem duas horas de aulas de Ciências, com ênfase em temas da Química, com um professor intérprete que é licenciando em Química da UFV e também atua no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. No início de 2013 participaram três estudantes, sendo que dois deles acompanharam assiduamente as aulas. Um deles está cursando o 7° ano na Escola Municipal Edmundo Lins e o outro o 9° ano na Escola Estadual Effie Rolfs. No segundo semestre, duas alunas surdas se integraram ao grupo, sendo que ambas já concluíram o Ensino Médio. Contudo, não tiveram uma boa formação básica, pois não tiveram auxílio de um intérprete em sala. Assim a escola foi para elas, na maioria das vezes, apenas um espaço de socialização, e agora sentem a necessidade de melhorar seus conhecimentos. As aulas e atividades de ensino (teóricas e práticas) realizadas no Espaço Ciência em Ação são pensadas de modo a contemplar as especificidades inerentes à cultura surda, envolvendo recursos e experimentos com um forte apelo visual e o uso de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). As aulas são ministradas por meio da Comunicação Total, isto é, o professor fala e usa sinais ao mesmo tempo. Essa abordagem comunicativa se fez necessária, pois os estudantes apresentam pouca fluência na LIBRAS. Assim, o objetivo das aulas tem ido além de ensinar Ciências e Química a estes estudantes. As aulas possibilitaram também um desenvolvimento na Língua de Sinais, de modo que eles possam vivenciar uma educação bilíngue, capacitando-os a um bom uso do Português e da LIBRAS. Além disso, foram desenvolvidos instrumentos para a avaliação da aprendizagem dos surdos e das metodologias de trabalho propostas. Verificou-se que o trabalho favoreceu uma melhoria na aprendizagem de Química e Ciências por eles. Essas ações também têm o objetivo de fornecer apoio didático e pedagógico aos professores regentes nas Escolas, auxiliando-os em pequenas alterações metodológicas tais como: apresentar à turma um quadro organizado, falar sempre de frente para o aluno surdo para que ele possa fazer leitura labial, usar mais imagens e figuras, e evitar roupas muito estampadas, pois isso distrai a atenção desse aluno. Os professores têm sido receptivos às sugestões. |