Resumo |
O fungo Mycosphaerella fijiensis é um patógeno da bananeira que causa a doença foliar Sigatoka-negra. O principal controle dessa doença é por meio do uso de fungicidas onerosos. Porém, o uso frequente de fungicida pode levar ao aparecimento de resistência aos compostos ativos e a alta variabilidade genética deste fungo pode representar um entrave ao desenvolvimento de plantas resistentes. Um dos processos conhecidos que pode gerar variabilidade em fungos fitopatogênicos, é a atividade de elementos transponíveis (TEs). TEs são divididos em Classe I e Classe II, que se diferenciam na presença ou ausência de um RNA intermediário no mecanismo de transposição. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar a presença de elementos transponíveis pertencentes à Classe II no fungo Mycosphaerella fijiensis. Foram realizadas buscas de sequências de TEs no banco de dados do Projeto Genoma de M. fijiensis (Joint Genome Institute), e posteriormente, as sequências foram submetidas à ferramenta BlastX no sítio do NCBI para identificação do domínio conservado DDE presente na transposase, proteína essencial para a transposição dos TEs pertencentes a classe II. A análise do quadro de leitura aberto (ORFs) em regiões codificadoras de cada TE identificado foi realizada via programas Expasy e Orf-finder. A caracterização das extremidades repetidas invertidas (TIR) dos TEs foi realizada utilizando a ferramenta Repeat Finder. Foram identificadas 38 sequências completas de TEs no genoma de M. fijiensis, sendo 28, 5 e 5 pertencentes às superfamílias Tc1-Mariner, Mutator e Harbinger, respectivamente. Todos os elementos encontrados possuem elevado número de mutações, com isso apresentaram vários códons de parada de tradução na sequência que codifica a transposase. O resultado da comparação das sequências de diferentes grupos de transposons da Classe II de M. fijiensis sugere a atuação do mecanismo de silenciamento RIP (Repeat-Induced Point Mutation) nesse genoma. Não foi encontrado “in silico” qualquer evidência de atividade de elementos na Classe II no isolado sequenciado. Entretanto, a atividade recente de transposons Tc1-Mariner foi evidenciada por hibridização do DNA de isolados de M. fijiensis brasileiros com uma sequência de um dos TEs identificados. |