Resumo |
Introdução: As úlceras arteriais de membros inferiores (UAMI) são lesões crônicas caracterizadas por perda de tecidos no dorso do pé, na região lateral da perna ou áreas de trauma¹. Sua etiologia é relacionada à aterosclerose, arterites, microangiopatias diabéticas e hipertensivas do sistema vascular arterial². A terapêutica efetiva envolve a correção da condição de base e uso de medidas locais para promover a cicatrização³. Objetivo: Apresentar o tratamento realizado a um paciente com UAMI. Método: Trata-se de um relato de caso do tratamento de um paciente portador de UAMI, que foi realizado pela equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro e técnicos de enfermagem) em um ambulatório de saúde de uma Universidade Federal do Estado de Minas Gerais, no período de maio a novembro de 2009. Resultados: Paciente do sexo masculino, 80 anos, branco, queixa dor em membro inferior esquerdo (MIE) quando elevado e em decúbito dorsal. Relata que a primeira ferida surgiu em 1972 e mesmo submetendo-se a diversos tratamentos com antibióticos. Em face anterolateral do terço distal do MIE presença de úlceras de diferentes tamanhos, com bordas discretamente elevadas e violáceas, tecido desvitalizado no leito da ferida e hiperemia em área de periferida. Presença de exsudato purulento, com volume moderado e odor discreto. Com o avanço de propedêutica para UAMI foram diagnosticadas tínea pedis, onicomicose, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, hipotireoidismo e carência de vitamina B12, abordadas em tratamento medicamentoso e orientações dietéticas. O duplex scan venoso, com parecer do serviço de angiologia, levou ao diagnóstico de Ateromatose Obliterante em MIE. O swab das úlceras evidenciou a presença de Proteus sp, sensível à amoxacilina/clavulanato - tratamento por 10 dias de 875/125mg, duas vezes ao dia. A úlcera apresentava uma área de 50,05 cm², quando foi iniciado curativo diário, consistindo em limpeza das úlceras com soro fisiológico 0,9% morno, pomada a base de colagenase no leito da ferida, ácidos graxos essenciais em área de periferida, cobertura com gaze e atadura de crepom até o 10º dia. Continuação do curativo com cobertura primária de hidrofibra com prata, sendo realizada a troca a cada 05 dias e secundária diariamente. Finalizado o tratamento com o uso hidrocolóide placa, troca de cobertura a cada 05 dias. Após 6 meses e 20 dias de tratamento, observou-se cicatrização completa das úlceras. É necessário resgatar o cuidado humano considerando os aspectos biológicos, os medos, angústias e emoções do paciente4. Por isso é primordial pensar, olhar e tratar o paciente como um todo, realizando intervenções que restabeleçam as necessidades humanas básicas alteradas. Conclusão: Os portadores de UAMI necessitam da assistência de equipe multiprofissional, que deve prestar assistência de modo conjunto e integrado, com objetivo de melhorar a abordagem e favorecer a relação custo/efetividade do tratamento, não apenas da UAMI, mas do paciente como um todo. |