Resumo |
A preocupação com a conservação das abelhas tem crescido bastante, devido ao declínio dos polinizadores. Dessa forma, o uso de inseticidas em agroecossistemas deve ser avaliado com cautela, pois essas práticas podem aumentar a mortalidade das abelhas. Os meliponíneos (Hymenoptera: Apidae, Meliponini) são abelhas eussociais abundantes no Brasil. Apesar da sua importância, estudos que avaliam efeitos de inseticidas sobre esses insetos são escassos. A utilização de inseticidas botânicos, como produtos derivados do nim, tem sido apontada como uma importante alternativa para o manejo de pragas. Portanto, abelhas que coletam recursos em plantas contaminadas, podem transportar para as colônias alimento com azadiractina, o ingrediente ativo do nim. Consequentemente, larvas de meliponíneos podem ser expostas a esses inseticidas. Neste trabalho verificamos se a ingestão de azadiractina altera a sobrevivência e/ou a massa corporal das larvas de Melipona quadrifasciata anthidioides. Dispondo de uma colônia da abelha M. quadrifasciata anthidioides mantida no Apiário da Universidade Federal de Viçosa, coletaram-se favos para obtenção de ovos e alimento larval das abelhas. Os ovos coletados foram transferidos para células artificiais de cria. Essas células foram mantidas em placas de polipropileno e fechada com opérculos e acondicionadas em frascos dessecadores mantidos em estufas do tipo BOD, em condições similares a de campo. As soluções contendo azadiractina, produzidas a partir da formulação comercial Azamax® (Campinas, SP), foram ministradas juntamente com o alimento (130µl/abelha) e fornecidas às larvas. As larvas foram submetidas aos seguintes tratamentos: 0,00ng Azardictina/abelha; 0,84ng Azardictina/abelha; 4,20ng Azardictina/abelha. Vinte e quatro abelhas de cada tratamento foram mantidas em estufa e tiveram a sobrevivência avaliada diariamente até o estágio de pupa e a massa de todas as pupas foi avaliada em balança analítica. A ingestão de diferentes concentrações de azadiractina não alterou a sobrevivência larval (X2 = 1,07; g.l. = 2; p = 0,59). Entretanto, a massa corporal das pupas foi alterada em consequência da ingestão de azadiractina (H=6,078; P=0,048). A massa corporal média das pupas foi de 101,3, 94,0 e 96,9 mg para as abelhas expostas a 0,00, 0,84 e 4,20 ng de azadiractina/abelha, respectivamente. As larvas alimentadas com concentração de 0,84ng i.a./abelha se desenvolveram em pupas com menor massa corporal em relação àquelas não expostas ao inseticida (Q=2,439; p<0,05). Portanto, verificamos que a ingestão de alimento larval contaminado com baixas doses de azadiractina não afetou a sobrevivência das larvas de M. quadrifasicata anthidioides, porém reduziu a massa corporal das pupas mediante exposição larval. |