Resumo |
Estruturas secretoras são apontadas como importantes caracteres para auxiliar na resolução de problemas taxonômicos em diferentes famílias de plantas, mas poucos são os dados disponíveis para as Gentianaceae. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi identificar as estruturas secretoras encontradas em Hockinia montana e caracterizar seu desenvolvimento ontogenético. Para tanto, amostras de partes vegetativas e florais foram coletadas, fixadas e processadas para confecção de lâminas permanentes e realização de testes histoquímicos. Foram encontrados coléteres do tipo padrão modificado, na face adaxial da base foliar e sépalas, constituídos por um pedúnculo curto e uma cabeça secretora multicelular. Os coléteres desenvolvem-se a partir de uma única célula protodérmica, que se divide em diversos planos até formar uma estrutura alongada. Posteriormente as células da cabeça se diferenciam formando um eixo central de células vacuolizadas e uma camada de células secretoras, com conteúdo denso, justapostas e externas a esse eixo. Durante o período de secreção, mucilagem é acumulada entre a parede das células secretoras e a cutícula fina, que não se rompe. A secreção é composta por polissacarídeos e pectinas. No estádio pós-secretor as células secretoras se tornam vacuolizadas e são observados grânulos devido à desidratação da mucilagem. O extravasamento do produto secretado provavelmente ocorre através de poros cuticulares. Foram também encontrados nectários, compostos por 3-4 células secretoras arranjadas em roseta ao redor de uma célula central, que ocorrem dispersos na face abaxial do limbo foliar, nas regiões internodais, nas sépalas e por vezes nos lobos da corola. Os nectários diferenciam-se a partir de uma única célula protodérmica que se divide três vezes, sendo duas em planos perpendiculares e a última oblíqua, originando a célula central. Nos estádios iniciais foram detectadas proteínas e pectinas na célula central e nos estádios finais não foi observado conteúdo celular. Nas células secretoras ocorre a formação de paredes labirínticas. Possivelmente a secreção é produzida pelas células em roseta, transferida para a célula central e extravasada por poros da parede celular, uma vez que não foi observado o rompimento da parede, sendo detectada uma cutícula fina e ininterrupta. A ontogenia de nectários de H. montana difere do que existe relatado na literatura pois essas estruturas não tem origem a partir de um estômato modificado ou de um conjunto de células, como sugerido. Estudos ultraestruturais serão necessários para esclarecer os mecanismos de secreção e as organelas envolvidas na produção e liberação da mucilagem e do néctar. Este é um dos estudos pioneiros sobre estruturas secretoras em Gentianaceae, contemplando a ontogenia e mecanismo de secreção. |