Resumo |
As doenças cardiovasculares (DCV) constituem uma importante causa de morte nos países desenvolvidos e também naqueles em desenvolvimento e sofre influência de vários fatores de risco estabelecidos, que podem ser modificáveis e não modificáveis. Assim o uso de novas estratégias, como os contatos telefônicos possibilitam a realização de orientações e esclarecimentos de dúvidas, o que têm indicado aumento da adesão ao tratamento. Assim, o presente trabalho avaliou o uso de consultas telefônicas como ferramenta no tratamento nutricional de indivíduos portadores ou com risco para DCV, atendidos no Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular da Universidade Federal de Viçosa (PROCARDIO-UFV). Esse estudo incluiu 141 pacientes (57 homens e 84 mulheres), adultos e idosos (idade: 43 ± 16,1 anos; IMC: 28,2 ± 5,8 kg/m²). Dados sobre características gerais (sexo e idade), história clínica (motivo da consulta, antecedentes familiares e iniciativa de procura ao atendimento) foram coletados, bem como duas consultas telefônicas foram realizadas por meio de questionários semi-estruturados. A Consulta Telefônica 1 (CS1) ocorreu uma semana após a entrega do plano alimentar e a Consulta Telefônica 2 (CS2), três meses depois do início do tratamento nutricional. Após três meses de seguimento do plano alimentar foram observadas modificações antropométricas e bioquímicas importantes entre os indivíduos atendidos no PROCARDIO-UFV, como redução do peso (p= 0,010), perímetro da cintura (p= 0,025), razão cintura/quadril (p< 0,001), gordura corporal total (p= 0,031) e colesterol total (p= 0,049). Nesse sentido, o aumento do consumo de carnes gordurosas (p= 0,008) e de bebidas alcoólicas (p= 0,011) nos finais de semana, em relação ao plano alimentar prescrito, foi significativamente maior naqueles que apresentaram menor perda de peso (< 2,51% do peso atual, mediana). O relato de melhora nos exames bioquímicos na CS2 se associou com o consumo de azeite (p=0,039) e a diminuição no consumo de frituras (p=0,009). Em relação ao gênero, as mulheres aumentaram significantemente o consumo de frutas e verduras cruas (p= 0,022), comparado aos homens. Ademais os pacientes encaminhados pelo médico aumentaram o consumo de frutas e verduras cruas (p= 0,022) e diminuíram o consumo de carnes gordurosas (p= 0,047). Em conclusão, observou-se no presente estudo que a modificação nos hábitos alimentares se associou com uma maior perda de peso, melhora cardiometabólica e maior satisfação com sua saúde em sujeitos com risco cardiovascular. O uso de consultas telefônicas pode auxiliar o profissional no tratamento nutricional dos pacientes, identificando modificações já obtidas e aquelas que ainda precisam ser trabalhadas de modo personalizado. |