Resumo |
A Liophis miliares, conhecida popularmente como cobra d'água é uma serpente semi-aquática da família dos colubrídeos. As espécies de Liophis, geralmente são encontradas perto de diversos tipos de corpos de água, como córregos, lagos e pântanos, tendo uma dieta bastante variada, associada com ambientes aquáticos que consiste principalmente de peixes, anuros e suas larvas. As serpentes são animais suscetíveis a uma grande diversidade de parasitos, onde esta suscetibilidade é bastante comum e constitui o principal problema enfrentado por criadores de serpentes em cativeiro. O objetivo deste trabalho é descrever um achado do nematóide da superfamília Filarioidea em Cobra d’água, no município de Castelo. Para isso, uma serpente do gênero Liophis foi enviada para o Laboratório de Parasitologia da Faculdade de Castelo para investigação da causa mortis. Quando foi realizada a necropsia, foi verificada a presença de um helminto na cavidade abdominal. Após o encontro de apenas um espécime de helminto, o mesmo fora submetido à estudo morfométrico e foi usada a chave classificatória de Yamaguti para identificação do helminto. O presente helminto, de aspecto filariforme fora classificado como pertencente à superfamília Filarioidea. Essa superfamília está intimamente relacionada à Spiruroidea, e, como nesta última, todos os seus gêneros têm ciclos evolutivos indiretos. Os parasitos com ciclo de vida indireto necessitam de hospedeiros intermediários para que possam completar o seu desenvolvimento e infectar um outro animal, os filarídeos são transmitidos por via hematógena. A transmissão de um filarídeo ocorre geralmente via picada de um inseto que põem larvas junto à saliva na via sanguínea do hospedeiro definitivo. Essas formas larvas são chamadas filárias. As formas adultas (machos e fêmeas) necessitam lançar as formas infectantes na corrente sanguínea do hospedeiro definitivo para que ao ser picado por um inseto, geralmente, essa forma infectante possa infectá-lo. As formas larvais iniciais lançadas pelas fêmeas na corrente sanguínea são chamadas microfilárias (as fêmeas de filarídeos são vivíparas) que completaram seu desenvolvimento no hospedeiro intermediário até a forma infectante para o hospedeiro definitivo. A presença de parasitos em animais como serpentes podem comportar se como subclínicas ou ocasionar em situações de estresse alguns sinais como, nesse caso, amenia, letargia e emagrecimento, além de comprometimento reprodutivo. O presente registro apresenta três pontos importantes: primeiro, a criação de animais silvestres em cativeiro é geralmente acompanhada de elementos que podem causar distíbios inicialmente inaparentes como as helmintoses; segundo, as filarioses são geralmente zoonóticas, o que representa um problema, apesar de negligenciado, pelas políticas de saúde pública e terceiro; sucinta na identificação de helminto parasitando animais silvestres e seu registro e identificação. |