Resumo |
Introdução: Grande parte da população brasileira apresenta consumo de cálcio abaixo do recomendado. Essa baixa ingestão dietética pode se associar à obesidade e, consequentemente, ao diabetes tipo 2. Objetivo: Avaliar a relação da ingestão de cálcio com adiposidade, resistência insulínica e função das células beta pancreáticas. Metodologia: Foram recrutados homens, com idade entre 18 e 50 anos e índice de massa corporal entre 27 e 35 kg/m2. Aplicou-se o questionário quantitativo de frequência alimentar para avaliar a ingestão habitual de cálcio. Para a avaliação antropométrica, foram aferidos peso, estatura, circunferências da cintura e do quadril. A avaliação da composição corporal e da distribuição anatômica da gordura (total, troncular, androide, ginóide e membros inferiores) foi realizada por meio da absortometria radiológica de dupla energia. Foram realizadas análises da glicemia e insulinemia. Foram calculados os índices Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance (HOMA-IR) para avaliação da resistência insulínica e HOMA-Beta para avaliação da função das células beta pancreáticas. A análise estatística foi realizada utilizando o software SAS, versão 9.0 adotando-se o nível de significância de 5% de probabilidade. Resultados: Os voluntários (n=64) incluídos no estudo apresentaram em média 27,2 ± 7,5 anos. Verificou-se consumo médio de 950,5 ± 485 mg/dia de cálcio (51,6% de inadequação). Indivíduos com maior ingestão de cálcio apresentaram menor gordura corporal (total, troncular, androide e ginóide) e circunferência do quadril comparado àqueles com ingestão inferior à recomendação diária de 800mg/dia. Foi verificada correlação negativa entre ingestão de cálcio versus circunferência do quadril (r= -0,25; p=0,01), gordura corporal total (kg) (r= -0,33; p=0,007) e gordura ginóide (kg) (r= -0,334; p=0,007). Houve uma tendência de correlação entre ingestão de cálcio e gordura andróide (kg) (r= -0,234; p=0,06). Em relação aos índices HOMA, verificou-se uma tendência para menor HOMA-Beta no grupo com maior consumo de cálcio (p=0,06). Além disso, foi verificada correlação positiva entre o HOMA-Beta com a gordura corporal total (kg) (r= 0,336; p=0,007), gordura troncular (kg) (r= 0,371; p=0,002) e gordura andróide (kg) (r= 0,334; p=0,007). Semelhante ao HOMA-Beta foi verificada correlação positiva entre o HOMA-IR com a gordura corporal total (kg) (r= 0,332; p=0,008), gordura troncular (kg) (r= 0,440; p=0,0003) e gordura andróide (kg) (r= 0,440; p=0,0003). Conclusão: Considerando a importância do cálcio na possível prevenção da obesidade e seu provável papel quanto ao funcionamento adequado das células β do pâncreas e à melhora da sensibilidade insulínica, torna-se necessário estimular o consumo de alimentos fontes desse mineral nesta população. |