Resumo |
As formigas cortadeiras (Hymenoptera – Formicidae) são consumidoras relevantes de matéria orgânica vegetal, atuando como organismos-chave na dinâmica populacional de diversas espécies vegetais em diferentes habitats. Contudo, estes insetos podem causar grandes prejuízos em ambientes agrícolas, tornando necessário o uso de métodos de controle. Dentre tais métodos, o controle biológico destaca-se por sua especificidade e baixa toxicidade para com o ambiente, entretanto devido às dificuldades impostas pela condição eusocial destes insetos aliada a gama de fatores bióticos e abióticos envolvidos, a eficácia do controle biológico destoa-se dentre condições de laboratório e campo. A maioria dos trabalhos baseia-se no fornecimento de alimentos contaminados sem chance de escolha para os insetos em laboratório, sendo que em condições naturais, organismos podem ser seletivos mediante ao valor nutricional e profilaxia do recurso. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo elucidar aspectos que possam explicar tais variações da eficácia do controle biológico em formigas cortadeiras, com base na hipótese que estes insetos são capazes de identificar alimentos contaminados por patógenos, optando por recursos livres de tais organismos. Visando avaliar a capacidade seletiva das formigas, durante seis dias consecutivos foram oferecidos simultaneamente dois recursos alimentares para quatro colônias da espécie Atta sexdens rubropilosa L. Como recurso “tratamento” utilizou-se 10g de folhas de Acalypha wilkesiana, borrifadas com 1ml de Tween 80 a 0,05% com suspensão a 1 x 109 ml conídios de Metarhizium anisopliae. A mesma quantia de alimento foi borrifada com 1ml de Tween 80 a 0,05% sendo utilizada como recurso “controle”. Ambas as fontes de alimento foram fornecidas para cada colônia em potes individuais por 10 horas consecutivas, sendo que no final do dia, quantificava-se a taxa de consumo total e o recrutamento de forrageiras. Para avaliar o efeito dos tratamentos sobre a taxa de consumo do recurso alimentar, foram utilizados modelos lineares generalizados (GLM), tendo como base análise de variância. Os resultados indicaram que não houve diferença significativa dentre os parâmetros avaliados. Embora os resultados indiquem que as formigas em condições de laboratório não são seletivas de acordo com a profilaxia do alimento, levando em consideração a abundância de patógenos associados ao solo e a capacidade de aprendizado, o comportamento das formigas em condições naturais frente alimentos contaminados pode diferir acentuadamente. Além destes, a diferença de barreiras físicas como a proximidade do lixo e rejeitos foliares potencialmente contaminados, os quais são depositados geralmente muito próximos ao ninho em laboratório, também podem afetar a eficácia desses agentes de c. biológico. Dessa forma, ressalta-se a importância de ensaios realizados em condições naturais para avaliar a real viabilidade de métodos de controle em formigas cortadeiras. |