Resumo |
Atta robusta é uma espécie de formiga cortadeira que possui uma distribuição geográfica restrita às restingas dos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Esta espécie está incluída na Lista Vermelha da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção por ser endêmica, dependente da cobertura vegetal e pela fragmentação dos ambientes de restinga.Assim, considerando que dados genéticos podem contribuir para a conservação de espécies, o objetivo do presente estudo foi estimar a variabilidade genética e o grau de estruturação de colônias de A. robusta. A diversidade e a estrutura genética foram avaliadas por meio da análise de 78 colônias coletadas em 13 localidades no estado do Espírito Santo (47 colônias) e Rio de Janeiro (31), Brasil, usando-se 10 marcadores ISSR (Inter-simple sequence repeats - UBC Kit). Um total de 67 bandas foi obtido, com uma média de 76.12% de polimorfismo (51 bandas polimórficas). A estimativa de diversidade genética indicou baixo valor de heterozigosidade (He: 0.27). O agrupamento por UPGMA revelou estruturação genética em função da proximidade geográfica entre algumas localidades. A análise de agrupamento identificou a presença de dois grupos bem definidos, sendo que em um deles estavam presentes apenas amostras localizadas na restinga do Rio de Janeiro, provenientes de localidades situadas geograficamente próximas umas das outras. A AMOVA revelou uma alta porcentagem de variação entre localidades (55.78%), indicando alta estruturação genética. Essa alta estruturação pode ser explicada pelo fluxo gênico restrito ou ausente entre as localidades, o que pode ser consequência do endemismo da espécie e-ou da fragmentação do bioma da Restinga. A correlação significativa entre as distâncias genéticas e geográficas (r = 0.68; p < 0.05) indicou que há isolamento por distância entre as localidades, ou seja, quanto maior a distância entre duas localidades, maior a distância genética entre elas. Os dados obtidos, portanto, podem ajudar na elaboração de planos de manejo para essa espécie endêmica das restingas do Rio de Janeiro e Espirito Santo, considerando-se que a mesma pode estar intimamente adaptada às condições de clima, solo e vegetação presentes nesse ambiente. Nesse sentido, uma vez que as amostras analisadas são bastante divergentes geneticamente e representam as populações remanescentes dessa formiga, a preservação de A.robusta deve se pautar na manutenção do maior número possível de colônias, em seu habitat original e, obviamente, na preservação dos ambientes de restinga, como um todo. |