Resumo |
Grande parte dos prejuízos que ocorrem em plantios de soja no Brasil decorrem da ação de insetos pragas, especialmente os percevejos pentatomídeos. O percevejo marrom da soja, Euschistus hero (Hemiptera: Pentatomidae), é a principal praga na maioria das regiões produtoras de soja, causando danos aos grãos e resultando em diminuição de produtividade. O método de controle destes insetos se dava mediante a utilização de inseticidas organofosforados, o que não se tem mais se permitido devido aos problemas ambientais associados a estes compostos. Por estas razões e visando o aumento do acervo de moléculas a serem recomendadas no controle de E. hero, o presente estudo foi realizado com o objetivo de averiguar se o clorantraniliprole (inseticidas pertence ao grupo das diamidas; Premio® SC, 200g/L de i.a) atingem níveis de letalidade satisfatório às fases ninfais e adulta de E. hero. Bioensaios de concentração-resposta foram realizados para individuos de 3º, 4º e 5º instares, além de adultos recém emergidos (< 24h). As concentrações utilizadas foram equivalentes à aplicação de 0,1, 1,0, 10, 50 e 100 g de clorantraniliprole por hectare (ou o equivalente a 0,01, 0,1, 1, 5 e 10 vezes a dose recomendada do produto comercial para o controle de lagartas desfolhadoras da soja). A unidade amostral se constituiu de um grupo de 10 insetos que eram mantidos em frascos de vidro, cujas toda a superfície interna estava impregnada com o resíduo seco do inseticida. No tratamento controle foi utilizado apenas água filtrada. Os insetos foram mantidos em sala climatizada a 27±2 °C e 14 horas de fotofase. Mortalidade foi verificada após 48 horas de exposição. Para cada combinação instar vs concentração foram realizadas pelo menos 9 repetições. Apesar dos níveis de mortalidade alcançados não terem permitido o estabelecimento de uma análise de Probit, diferenças significativas puderam ser observadas na mortalidade de ninfas de E. hero. A maior mortalidade nos três instares foi observada na dose equivalente a 10 vezes a recomendação do clorantraniliprole. No entanto, esta maior mortalidade foi de apenas 41,1% e para ninfas de 4º instar. Não houve diferença entre as médias de mortalidade para insetos adultos, com mortalidade máxima de 17,2% na maior concentração aplicada. Portanto, nossos resultados demonstram que aplicação isoladas de clorantraniliprole pode não se constituir em uma alternativa viável para o controle de E. hero. Estudos complementares visando verificar efeitos subletais de clorantraniliprole sobre E. hero podem ser importantes para constatar se é viável a utilização deste composto em misturas de inseticidas visando o controle de E. hero. |