Resumo |
O Brasil possui destaque no mercado mundial de polpa celulósica por ser um dos quatro maiores produtores mundiais de polpa celulósica branqueada e o maior produtor mundial de polpa de fibra curta. Nesse contexto, se destaca a madeira de eucalipto, principal matéria prima no Brasil para produção destas polpas. Porém, vem sendo observado que as florestas de eucalipto no Estado de Minas Gerais sofrem grandes perdas por ação de ventos durante tempestades atingindo perdas de até 15% na área plantada. Fenômeno este que é frequentemente observado na região do vale do Rio Doce - MG, onde os danos são mais evidentes quando as plantações atingem entre dois e três anos de idade. Observações de campo permitem concluir que existem clones de eucalipto que, apesar de serem da mesma espécie, possuem resistência frente à ação do vento. O objetivo deste trabalho foi avaliar a constituição química de madeiras de eucaliptos frágeis, intermediários e tolerantes à quebra pela ação do vento, e encontrar uma possível relação entre a constituição química dessas árvores e sua fragilidade quanto à quebra. Para isso, foram coletados seis clones de eucaliptos híbridos de Eucalyptus urophylla x E. grandis que foram submetidos as seguintes análises químicas da serragem da madeira: teor de carboidratos (celulose e hemiceluloses), grupamento acetila e ácidos urônicos totais, teor de lignina solúvel e insolúvel em ácido, determinação da relação S/G, teor de extrativos totais e cinzas. O poder calorífico também foi analisado nas serragens. As principais conclusões obtidas pelo desenvolvimento desse projeto foram: (1) clones da região baixa se diferiram quanto ao teor de grupamento acetila, lignina insolúvel, relação S/G, extrativos totais e poder calorífico, contudo, não se observa uma relação entre suscetibilidade e esses componentes; (2) entre os constituintes avaliados nos clones da região alta, o teor de lignina solúvel, insolúvel, S/G e cinzas se diferiram devido ao clone C (intermediário), que apresentou menores teores desses constituintes em comparação com os outros clones, com exceção do teor de lignina insolúvel; (3) o teor de lignina solúvel aumenta com o aumento da resistência na região alta, porém na região baixa não há diferença na quantidade de lignina solúvel entre os clones; (4) a comparação entre as regiões mostrou que os clones da região baixa, a região de maior ocorrência de quebra, apresentaram ligeiramente menor teor de xilanas (12,4 %) e maior teor de lignina (29,6 %), porém, foram diferenças muito pequenas, e ainda, apresentou menor teor de cinzas (0,37%), poder calorífico (4662,1 kcal/kg) e maior teor de extrativos (3,9 %); (5) o estudo do efeito da região dentro do clone mostrou que os clones são influenciados pela região quanto ao teor de lignina insolúvel e total, grupamento acetila, S/G, extrativos e cinzas. |