Resumo |
As algas marinhas representam uma matéria prima de importante valor econômico, tanto por seus hidrocolóides extensamente explorados pelo setor de biotecnologia, quanto pelo seu conteúdo nutricional, uma vez que são boas fontes de nutrientes, fibras e compostos bioativos como os antioxidantes e fitoquímicos. Entretanto, como qualquer outro alimento, é necessário conhecer a matriz e as propriedades do mesmo, para que desta forma tal organismo haja na promoção da saúde, não oferecendo riscos para seus consumidores. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade protéica e microbiológica da macroalga da espécie Gracilaria birdiae cultivada na comunidade do Rio do Fogo (RN), buscando avaliar a qualidade da matéria-prima e possíveis efeitos fisiológicos desta alga que tem sido consumida e comercializada pela comunidade local. Para o ensaio biológico, aprovado pela Comissão de Ética para Uso de Animais (CEUA/UFV), foram preparadas dietas à base de alga em pó e gel, além das deitas-padrão. Destaca-se que denominou-se gel, as algas submetidas à cocção. Foram avaliados ganho de peso dos animais, densidade calórica das dietas, bem como os índices de crescimento necessários para avaliação da qualidade protéica de um produto. Já para o ensaio microbiológico foram avaliados contaminação por microrganismos mesófilos aeróbios, fungos e leveduras, coliformes totais e termotolerantes, em amostras de algas de diferentes etapas de beneficiamento: Bancos Naturais I e II, Balsa, alga in natura seca e alga em pó. O ensaio experimental detectou que o pó de algas tem possível efeito tóxico, uma vez que os animais vieram a óbito. Já no grupo em que as algas receberam tratamento térmico não observou-se tal letalidade, sendo concluído apenas que estas não representam boa fonte proteica, uma vez que não contribuiu para significativo ganho de peso dos animais, indicando que a proteína utilizada foi apenas para manutenção. Os resultados microbiológicos demonstraram contaminação da alga em pó por mesófilos aeróbios, coliformes totais, termotolerantes e fungos, o que indica possível fonte de contaminação no moinho, uma vez que não foi detectado o mesmo resultado nas demais amostras. Assim, nota-se a relevância de estudos que investiguem melhor a propriedade e os componentes de algas marinhas que estão inseridas na alimentação, bem como quais seriam os agentes causadores das mortes nos animais e a contribuição dos possíveis efeitos do alto teor de fibra disponível no produto. É necessário também avaliar a aplicação e desempenho das boas práticas pelos manipuladores de algas, esclarecendo os mesmos sobre a importância da higienização ambiental e pessoal adequados, especialmente de utensílios e equipamentos utilizados no processamento, visando garantir segurança alimentar, aliando geração de renda com sustentabilidade social. |