Resumo |
Estudos em modelos animais indicam que a exposição ao As está associada a danos reprodutivos e de desenvolvimento, principalmente quando em altas concentrações. No entanto, não há relatos sobre seus efeitos quando em baixas concentrações, como a concentração máxima tolerada na água de beber (0,01mg/L) por organizações brasileiras. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da ingestão de duas concentrações de As, na forma de arsenato de sódio, sobre a fertilidade de ratos Wistar. Para isto, 15 machos foram divididos em três grupos experimentais (n = 5 animais/grupo). Os animais controle beberam solução salina a 0,9% ad libitum, enquanto que os animais tratados beberam diariamente 30 mL de solução de As, na forma de arsenato de sódio (As+5), nas concentrações de 0,01 mg/L e 10 mg/L por 56 dias. No 57º dia, machos tratados foram acasalados com fêmeas hígidas (2♀:1♂) durante 3 dias. As fêmeas foram eutanasiadas (CEUA n 19/2011) no 17º dia após o 1º dia de acasalamento. Após abertura da cavidade abdominal, retirou-se o aparelho reprodutor feminino e as seguintes variáveis reprodutivas foram avaliadas: taxa de acasalamento (nº de fêmeas com espermatozoides presentes no esfregaço vaginal / nº de fêmeas colocadas para acasalar X 100; números absolutos e percentual), taxa de prenhez: (nº de fêmeas prenhes / nº de fêmeas com espermatozoides presentes no esfregaço vaginal X 100; números absolutos e percentual), potencial de fertilidade (sítios de implantação / corpo lúteo X 100), número de fetos, peso dos fetos (g), tamanho de fetos (cm), taxa de perda pré-implantação (nº de corpos lúteos - nº de implantações / nº de corpos lúteos X 100) e taxa de perda pós-implantação (nº de implantações - nº de fetos vivos / nº de implantações X 100). Para a taxa de prenhez, foi observada redução de 31,82% das fêmeas prenhes de machos que ingeriram As+5 0,01 mg/L e redução de 18,18% de fêmeas prenhes de machos expostos a 10 mg/L de As+5. O potencial de fertilidade de machos tratados com As+5 0,01mg/L (40,6±12,8%) foi menor que o dos machos controle (71,04±21,4%). A perda embrionária pré-implantação foi de 59% para machos tratados com As+5 0,01mg/L e 28,96% para animais controle. Foi observado aumento no tamanho médio de fetos provenientes do acasalamento de fêmeas não tratadas com machos que receberam oralmente 0,01mg/L de As+5 (1,33±0,02 cm) em comparação aos animais do grupo controle (1,16±0,02 cm). Já o tamanho médio de fetos provenientes do acasalamento de fêmeas com machos que receberam 10mg/L de As+5 (1,01±0,02 cm) apresentou redução. Não foram observadas diferenças entre os grupos para peso de ovários, número de corpos lúteos, número de implantações, número de fetos e taxa de perda pós-implantação. Dessa forma, pode-se concluir que a ingestão crônica de arsênio nas concentrações de 0,01 e 10mg/L, na forma de arsenato de sódio, causou alterações nos parâmetros de fertilidade avaliados em ratos Wistar. |