Resumo |
O registro eletrográfico de atividades cerebrais no escalpo recebe o nome de eletroencefalograma (EEG). O EEG pode ser usado para a interface cérebro-computador (ICC), onde um sistema permitiria que uma pessoa controlasse um computador usando apenas suas ondas cerebrais (o que seria útil para diversas áreas: desde a cinematografia até a área médica, sendo esta última o foco deste trabalho). A comunicação de pacientes portadores de deficiência motora, o mapeamento de atividades cerebrais, que ajudaria pacientes com epilepsia, dor crônica e tratamentos de distúrbios de sono, memória e aprendizagem, são exemplos de aplicações de uma ICC. Um sistema de ICC auditiva poderia ser alcançado através da apresentação de sons diferentes ao indivíduo e coleta de sinais de EEG. Foram realizados testes com estimulação binaural em 30 indivíduos, com estímulos de 0,5 e 2 kHz modulados a 31,1323 e 39,356 Hz. Cada teste foi dividido em três etapas, que visavam verificar se os indivíduos focavam a atenção em um estímulo. Na etapa 0, o indivíduo focava a atenção no estímulo de 0,5 kHz, na etapa 1, no estímulo de 2 kHz e na etapa 2, não focava a atenção em nenhum estímulo. Para a utilização dos sinais de estímulos auditivos que foram recolhidos por EEG em um sistema de ICC, é necessária a preparação desses sinais e é nisso que se fundamenta esse projeto. Primeiramente, o sinal foi preparado para ser reconhecido pelo software Matlab. Logo após, foram estudados algoritmos no Matlab que permitiam a filtragem do sinal e a rejeição de possíveis artefatos presentes no mesmo. Dessa forma, iniciou–se uma preparação do sinal coletado para futuramente ser empregado por algum sistema de ICC. Esse trabalho objetiva, além de descrever o processo de coleta de sinais de EEG e discorrer sobre a importância de uma ICC, analisar os dados coletados de 30 indivíduos, observando a eficácia da filtragem e da rejeição de artefatos. O estudo foi dividido em exames de antiga rotina (os quais analisavam dados do foco de atenção no ouvido esquerdo, direito e na etapa sem atenção, separadamente) e em exames da nova rotina (que analisavam o estímulo em sua totalidade, sem dividi-lo em etapas). A filtragem da frequência de 60 Hz e os harmônicos de 120 e 180 Hz foi efetiva em todos os exames. Quanto à rejeição de artefatos, a porcentagem restante de estímulos após a rejeição foi de 55,8%, 58% e 51,58% nos exames de antiga rotina, com foco de atenção no ouvido esquerdo, direito e na etapa sem atenção, respectivamente, e de 67,42% nos exames da nova rotina. Como foi observada uma média de rejeição abaixo de 50% dos dados, conclui-se que o método usado é eficiente. |