Resumo |
INTRODUÇÃO: A sepse é conceituada como a síndrome de resposta inflamatória sistêmica desencadeada por infecção. Trata-se, na atualidade, de uma complicação infecciosa com altas taxas de óbito no mundo. As citocinas – proteínas de baixo peso molecular ou glicoproteínas secretadas por leucócitos dentre outras células do organismo – apresentam fundamental importância na fisiopatologia da sepse. Na presente comunicação, será dada ênfase a atuação das citocinas anti-inflamatórias na sepse. OBJETIVO: Apresentar o papel desempenhado pelas citocinas anti-inflamatórias, destacando sua importância na fisiopatologia da sepse. MÉTODOS: A metodologia de pesquisa incluiu a consulta ao PubMed (U. S. National Library of Medicine), utilizando-se como descritor o termo "sepsis", sempre associado a uma das citocinas anti-inflamatórias, dentre as quais IL-10, IL-22, IL-1ra (antagonista do receptor da interleucina 1) e TGF β (fator transformador de crescimento β). RESULTADOS E DISCUSSÃO: A sepse grave continua a ser uma das mais significativas causas de morte de indivíduos internados em unidades de terapia intensiva. Trata-se de uma síndrome que apresenta um estado pró-inflamatório, evoluindo, mais tardiamente, para não-responsividade imunológica. Durante os processos infecciosos, a resposta inicial à ação microbiana é mediada pela produção de citocinas pró-inflamatórias, as quais vão modular a resposta imune (RI) aos agentes patogênicos. Ato contínuo a uma resposta inflamatória exacerbada – em geral com alta produção de citocinas pró-inflamatórias –, pode sobrevir o choque séptico. Diante dessas circunstâncias, percebeu-se, em casos de sepse, um aumento dos mediadores anti-inflamatórios como tentativa de manter o equilíbrio da RI desencadeada. Já se propõe que as citocinas anti-inflamatórias são prontamente produzidas em contrabalanço à vigência de uma resposta pró-inflamatória sistêmica exacerbada, como prevenção a possíveis efeitos deletérios que acometem o paciente com sepse. Apesar da importância do TGF-β na homeostase do processo inflamatório, estudos mostraram que nos casos de síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA) associada à sepse, houve elevação significativa dos níveis séricos desse mediador nos indivíduos com desfecho fatal. Os níveis sanguíneos de IL-1ra foram maiores em estudos com pacientes que evoluíram ao óbito devido choque séptico. Apesar da atividade anti-inflamatória da IL-22, estudos apontam sua influência como determinante na fisiopatologia de doenças auto-imunes, o que fortalece a hipótese de ação pró-inflamatória da molécula nos pacientes com sepse. Níveis elevados da IL-10 podem induzir imunossupressão e aumento na letalidade. CONCLUSÃO: No contexto da sepse, as citocinas anti-inflamatórias apresentam-se como fatores potencialmente relacionados ao desfecho dos indivíduos acometidos. No entanto, ainda são necessários mais estudos capazes de averiguar a real influência delas e avaliar se podem predizer a evolução desses indivíduos. |