Resumo |
Staphylococcus aureus é um patógeno associado a doenças em humanos e animais, sendo responsável por grandes perdas econômicas e problemas de saúde pública. Peptídeos antimicrobianos (bacteriocinas) tem sido sugeridos como alternativa para o controle de linhagens de S. aureus resistentes a antibióticos. A nisina é a bacteriocina mais amplamente estudada e demonstra eficácia contra linhagens de S. aureus. Entretanto, estudos in vitro relatam a ocorrência de culturas de S. aureus resistentes à nisina. Apesar disso, os fatores que influenciam o fenótipo de resistência ainda são pouco conhecidos. O objetivo deste trabalho foi: 1) avaliar a influência de diferentes meios de cultura e de doses sub-inibitórias de nisina na resistência de S. aureus ATCC 29213 à nisina; 2) avaliar o efeito de diferentes concentrações de nisina no crescimento de S. aureus. As culturas foram cultivadas em batelada com transferências a cada 24 h em diferentes meios de cultura contendo 1,56 µM de nisina. Foram realizadas dez transferências (inóculo de 2 %, v/v) nos meios LB (Luria-Bertain), caldo nutriente, BHI (Brain Heart Infusion), TSB (Trypticase Soy Broth) e MH (Mueller-Hinton). Culturas transferidas nos meios sem adição de nisina foram utilizadas como controles. Após as transferências, a concentração Inibitória Mínima (CIM) para a nisina foi determinada. As culturas de S. aureus apresentaram aumento expressivo de CIM para nisina (>50 µM) após as transferências na maioria dos meio avaliados. Para avaliar o efeito da bacteriocina no crescimento de S. aureus, culturas sensíveis e resistentes da bactéria foram cultivadas em meio TSB (37 °C, 24 h) contendo diferentes concentrações de nisina (0, 5, 10, 40, 50 e 100 µM). As culturas resistentes foram capazes de crescer nas diferentes concentrações de nisina e não apresentaram variações significativas de D.O.600nm (24 h) e duração de fase lag em relação aos controles. Entretanto, culturas sensíveis à bacteriocina apresentaram redução de D.O.600nm e aumento de fase lag proporcional ao aumento da concentração de nisina no meio. Esses resultados demonstram que a resistência de S. aureus à nisina é influenciada pelas condições nutricionais e, uma vez resistentes, as células são capazes de se desenvolver em altas concentrações de nisina. |