Resumo |
A antropometria, definida como o conjunto de mensurações do corpo humano ou de suas partes, é considerada um bom parâmetro para verificar as condições de saúde e nutrição de indivíduos e populações. O Índice de Massa Corporal (IMC) é um critério amplamente utilizado para a classificação do estado nutricional, sendo necessário obter o peso e a estatura do indivíduo por mensuração direta com auxílio de balanças e estadiômetros. Com a finalidade de reduzir os custos e simplificar o trabalho em campo, o peso e a estatura informados têm sido usados em estudos epidemiológicos, sendo considerados indicadores com níveis aceitáveis de validade, até mesmo entre indivíduos obesos (que tendem a subestimar o peso) e com baixa escolaridade. Este estudo teve o objetivo de verificar a diferença das medidas de peso e estatura informados e aferidos, bem como o índice de massa corporal (IMC) em indivíduos adultos no município de Viçosa, MG. Trata-se de um estudo transversal com dados obtidos de 312 indivíduos da faixa etária compreendida entre 20 a 59 anos. Foram aplicados questionários domiciliares para obter dados sobre peso e estatura informados, condições socioeconômicas, demográficas e de estilo de vida, seguidos da mensuração do peso e altura por procedimentos padrões de medição. A população em geral e os homens superestimaram o peso informado em relação ao avaliado; e, consequentemente, o IMC calculado foi maior nestes grupos (0,49 kg e 0,24 kg/m²; 1,06 kg e 0,46kg/m², respectivamente). Porém nas mulheres foi observado que apenas a classificação do IMC foi superestimada com uma diferença média de 0,05 kg/m². A diferença entre estatura informada e medida em toda a população e em separado entre homens e mulheres foi irrelevante. Quando se procedeu análise estratificada por estado nutricional, indivíduos em geral (homens e mulheres juntos) e homens obesos subestimaram seu IMC quando comparados com indivíduos eutróficos e com sobrepeso, apresentando diferença significativa (p<0,05). Foi avaliada a associação das médias de erros de IMC com as variáveis idade, sexo, escolaridade, cor de pele, estado civil e satisfação corporal. Dentre estas, as variáveis sexo e satisfação corporal se mostraram associadas com erros de IMC (p<0,05), sendo que os homens (0,46 kg/m²) e indivíduos com insatisfação corporal e que gostariam de ganhar peso (0,58 kg/m²) apresentaram maior tendência a superestimar o IMC. Portanto, a população em geral em estudo tende a superestimar o peso e o IMC, sendo que a diferença é maior entre os homens quando comparados com as mulheres, e que indivíduos obesos, em específico os homens, tendem a subestimar o IMC em relação a indivíduos eutróficos e sobrepesos. A satisfação corporal demonstrou-se importante para a obtenção do IMC informado, sendo que indivíduos insatisfeitos que desejam ganhar peso tendem a superestimá-lo. Os dados informados de peso e altura devem ser utilizados com cautela para verificar o estado nutricional de populações. |