Resumo |
O trabalho consiste em destacar a assimilação na aldeia Buriti, apontando os significados que os índios concedem ao sistema educacional nacional. Enquadra-se numa perspectiva em que a meta primordial é identificar em meio ao processo histórico, social e cultural das tribos Terena a construção da "lógica educacional " no Estado Brasileiro. A pesquisa teve como objetivo compreender o contato do "homem branco" com os índios, buscando detectar a edificação das estruturas que predispõem o funcionamento de escolas e a formação de professores indígenas na aldeia Buriti, como também a legislação que regulamenta essa tipologia educacional encaixa-se nessa lógica. Nesse sentido, pretendeu-se compreender os indígenas enquanto alteridade cultural, com suas práticas de representação social, mas também sua visão de mundo também faz parte desse processo. Da mesma forma, o trabalho teve como objetivo enfatizar que o processo histórico do qual pertencem os índios Terena é importante para destacar sua participação enquanto agentes de transformação social. Nesse contexto, acontecimentos como a Guerra do Paraguai ou o Projeto Rondon foram determinantes históricos para a mobilização Terena que ocorre atualmente junto aos povos indígenas do Mato Grosso do Sul para exigir a ampliação de direitos civis e sociais (principalmente à posse da terra ) frente ao governo brasileiro. Utilizou-se, para a elaboração crítica das ideias discutidas no, trabalho fontes textuais e audiovisuais (filmes, documentários, reportagens) relacionadas às questões que englobam a educação indígena. Procurou-se entender as dificuldades enfrentadas por alunos e professores na realidade da aldeia Buriti, bem como as mudanças nas perspectivas da legislação brasileira e suas modificações sobre a temática indígena no decorrer do tempo. Atenção especial foi concedida à Constituição Nacional (1988) e à LDB 9394/1996. Numa avaliação final, verifica-se que ainda há a existência de barreiras culturais entre o "homem branco " e os índios. Ainda persiste um desconhecimento da "cultura branca" com relação às tradições indígenas e à posse da terra, a qual é de uma questão problemática que opõe latifundiários e indígenas, e é notável a falta de políticas de conciliação por parte do Estado. Verifica-se que, apesar da existência de um ensino voltado para a preservação da história e cultura indígena com disciplinas específicas e independentes do ensino tradicional, o choque cultural é uma constante e ainda não há uma projeção considerável desses indivíduos no mercado de trabalho. Há, por fim, uma necessidade eminente da ampliação das políticas de inclusão social que englobem a diversidade Terena, isso à nível do Estado. Contudo, nota-se um etnocentrismo marcante na sociedade brasileira e a necessidade de relativização para compreender os indivíduos, os aspectos e as formas de organização de outra cultura. |