Resumo |
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais, o Projeto Pedagógico dos Cursos de Medicina deverá buscar a formação integral por meio da articulação entre ensino-pesquisa-extensão. A partir dessa premissa, o Curso da UFV prevê a inserção dos alunos em diversos cenários de prática, dentre eles a Estratégia de Saúde da Família (ESF). No contexto dum projeto de extensão, buscou-se construir espaços de educação permanente entre profissionais-docentes-alunos problematizando as práticas comunicativas de acolhimento e cuidado na ESF. Objetiva-se descrever as experiências de alunos de Medicina sobre a participação no projeto. Trata-se de um projeto de extensão-pesquisa, de investigação/intervenção sobre práticas comunicativas produzidas pelos Agentes Comunitários de Saúde numa Unidade de Saúde da periferia de Viçosa, desenvolvido desde 02/2011, que adota o referencial teórico-metodológico da hermenêutica-dialética. Entre 9 alunos integrantes, 4 relataram a experiência, os quais estão indicados por A: 01, (aluno 01), sucessivamente. A análise dos dados evidenciou dois eixos discursivos principais: 1) O pensar e agir na ESF; 2) Construção das competências médicas. As ações do projeto permitiram o “contato com emblemas da implantação do SUS, no âmbito da gestão/financiamento, preparação dos profissionais, condições de trabalho, relação entre política, gestão, serviço de saúde e comunidade assistida” (A:03), parte importante no processo de reconhecimento das atribuições/desafios da atuação na ESF. Percebeu-se a extensão como espaço de construção da identidade médica permitindo “visualizar diferentes cenários, conviver com diferentes racionalidades, trabalhar com profissionais de diferentes áreas” (A:02). Entende-se que por meio da escuta, estimula-se a construção de conhecimentos e modificações da prática a partir das novas competências adquiridas como dito por (A:02): “pensar minha futura prática como profissional de saúde não somente como um inquisidor, ver que se pode mesmo numa consulta extrapolar questionamentos pré-construídos da anamnese e se permitir a escuta, valorizar o conhecimento do outro e entender como ele se vê como sujeito e como lida com sua vida”. Ainda, no âmbito dos integrantes do projeto e do cotidiano das atividades da equipe da ESF, a instituição duma equipe de trabalho visto que “não se pode trabalhar em equipe e não rever suas atitudes e comportamentos; pensar em que você pode contribuir para a equipe; e como suas escolhas podem influenciam/afetar o outro” (A:02) vislumbrando o processo de trabalho como “desafio na desconstrução do discurso médico voltado para os pares e construção de uma relação horizontalizada com as pessoas” (A:04). Os relatos indicam o aprendizado de elementos teórico-metodológicos do campo da Comunicação e Saúde, favorecimento do olhar interdisciplinar e da problematização do processo de trabalho em saúde, fomento à formação de vínculo e desenvolvimento de habilidades de escuta e acolhimento entre os envolvidos. |