Resumo |
Alguns estudos têm mostrado que fetos oriundos de vacas alimentadas com menor nível nutricional apresentam deficiência de crescimento, que pode persistir durante a vida toda. Recentemente, tem sido levantada a hipótese de que o baixo desempenho produtivo da progênie pode estar relacionado ao menor desenvolvimento do trato gastrintestinal ao nascimento, ocasionando menor absorção de imunoglobulinas logo após o nascimento e levando à produção de bezerros com menor carga imune e mais propensos a doenças que podem prejudicar o desenvolvimento. Esse estudo teve por objetivo avaliar o comprimento dos intestinos de fetos oriundos de vacas alimentadas com alto ou baixo nível alimentar durante toda a gestação. Quarenta e uma vacas adultas, multíparas, mestiças Holandês×Gir, prenhes de um único touro Gir, foram divididas em dois grupos, sendo um grupo de alimentação restrita a 1,15% do peso vivo por dia (n = 23) e outro de alimentação à vontade (n = 18). Todas as vacas foram alimentadas com uma única dieta, contendo 93% de silagem de milho e 7% de concentrado. Dentro de cada grupo alimentar, subgrupos de vacas foram abatidos aos 140, 200, 240 e 270 dias de gestação para avaliação do comprimento intestinal fetal, perfazendo, assim, um arranjo fatorial 2×4, com dois níveis alimentares e quatro tempos de gestação. Ao abate, o útero grávido foi seccionado na altura da cérvix, sendo,posteriormente, extraído o feto, que foi dissecado. Os intestinos delgado e grosso de cada feto foram então seccionados, esvaziados por pressão mecânica e medidos.Não foi observada interação(P>0,05) entre nível alimentar e tempo de gestação para as características avaliadas. Não foi observado efeito do nível alimentar materno (P=0,71) sobre o comprimento do intestino delgado, que teve, em média, 363, 855, 1117 e 1199 cm aos 140, 200, 240 e 270 dias de gestação, respectivamente. O comprimento do intestino delgado aumentou durante a gestação (P<0,01) até os 240 dias, não sendo observadadiferença significativa (P>0,05) entre 240 e 270 dias de gestação. Fetos oriundos de vacas alimentadas à vontade apresentaram intestino grosso mais comprido (P=0,04) do que fetos oriundos de vacas com alimentação restrita (137 vs 125 cm, respectivamente). Da mesma forma que para o intestino delgado, foi observado aumento (P<0,01) do intestino grosso até os 240 dias de gestação, não sendo observada diferença significativa (P>0,05) entre a medida do intestino grosso aos 240 e 270 dias de gestação. O comprimento do intestino grosso dos fetos, nesse estudo, foi, em média, 65, 126, 161 e 171 cm aos 140, 200, 240 e 270 dias de gestação, respectivamente. Conclui-se que o nível alimentar materno não influencia o desenvolvimento do intestino delgado em fetos bovinos, quando a variação alimentar materna vai de 1,15% do peso vivo por dia até alimentação à vontade. Vacas alimentadas à vontade produzem fetos com intestino grosso mais comprido do que fetos oriundos de vacas com alimentação restrita. |