Resumo |
O fungo Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose, é um dos patógenos com maior ocorrência e que causa danos expressivos à cultura do feijão-comum (Phaseolus vulgaris). A compreensão dos mecanismos genéticos envolvidos na interação planta/patógeno pode ser útil na estruturação de novos e eficientes métodos de controle à doença, e a base para compreensão desses mecanismos consiste no conhecimento das proteínas envolvidas nesta interação. O estabelecimento de um sistema eficiente de transformação genética do fungo permite o isolamento de mutantes e a marcação destes com proteínas fluorescentes. Nos últimos anos, muitos trabalhos têm utilizado o sistema de transformação mediado por Agrobacterium tumefaciens para alcançar esse objetivo. Esta técnica vem se mostrando mais eficiente em relação a outras, tal qual o método PEG/CaCl2, uma técnica já tradicional em experimentos de inativação insercional. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo o estabelecimento de um protocolo de transformação via A. tumefaciens do fungo C. lindemuthianum, com intuito de empregá-lo na inativação e caracterização funcional de genes de patogenicidade envolvidos na interação do fungo com seu hospedeiro. Assim sendo, o isolado patogênico de C. lindemuthianum pertencente à raça 89 A2 2-3 foi transformado via A. tumefaciens cepa AGL-1, a qual contém o plasmídeo pBGNW-GFP, responsável por conferir aos fungos transformantes a resistência à higromicina (gene hph) e também permitir a expressão da proteína GFP (gene egfp), sendo a última, uma proteína verde fluorescente. Após a seleção, foram obtidas cinco colônias transformadas, as quais foram submetidas à purificação monospórica. A confirmação dos transformantes se deu por meio de crescimento em meio de cultivo BDA (Ágar Batata Dextrose) acrescido de higromicina na concentração de 60µg/ml, e por meio da observação em microscópio de fluorescência. Para se confirmar a presença do gene hph e do gene egfp, foi realizada a técnica de PCR (reação de polimerização em cadeia), enquanto o padrão de integração do T-DNA foi analisado por meio de hibridização de DNA. Os resultados da observação ao microscópio mostraram uma significativa expressão da proteína GFP, enquanto as análises da PCR confirmaram a presença dos genes hph e egfp. A hibridização mostrou que houve apenas uma integração por transformante e foram observados dois perfis de integração do T-DNA. Dessa forma, os resultados mostraram que a transformação via A. tumefaciens é uma técnica eficiente para a obtenção de transformantes com um único sítio de integração e que poderá ser utilizada para isolamentos de mutantes não patogênicos. |