Resumo |
A brusone do trigo vem ganhando destaque em diversas regiões produtoras deste cereal. Desde seu descobrimento em 1985, o patógeno vem preocupando os triticultores brasileiros devido às altas perdas proporcionadas nas lavouras em função da ineficiência dos fungicidas disponíveis no mercado, da baixa resistência das cultivares à doença e da grande variabilidade genética do fungo. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a variabilidade do fungo Pyricularia grisea no estado de Minas Gerais e identificar genótipos de trigo resistente. Para isso foram conduzidos dois experimentos com três isolados fúngicos coletados em lavouras de trigo nos municípios de Perdizes, Rio Paranaíba e Araxá. No Experimento 1 foi avaliado a variabilidade entre os isolados através da inoculação de 10 cultivares com cada isolado fúngico, em esquema fatorial. No Experimento 2 foi realizado o screening de 78 linhagens elite do Programa de Melhoramento de Trigo da UFV, juntamente com 22 cultivares, com mistura dos três isolados do patógeno. Em ambos os experimentos a inoculação foi realizada quando as plantas apresentavam quatro folhas, equivalente ao estádio 21 da escala de Zadoks (ZADOKS, 1974), com concentração de 105 conídios/ml. A parcela foi composta por cinco plantas cultivadas em copo de poliestireno de 300 ml contendo solo adubado seguindo a recomendação para a cultura. A reação dos genótipos ao fungo foi avaliada pela classificação das lesões nas folhas, de acordo com a metodologia proposta por Valent et al. (1991). No experimento 1, as avaliações foram realizadas aos 0, 4, 6, 8, 10 e 12 dias após a inoculação, permitindo o cálculo da área abaixo da curva de progresso da doença por meio da equação proposta por Campbell e Madden (1990). No experimento 2 a avaliação ocorreu aos sete dias após a inoculação e os dados originais foram transformados em √(X+0,5). Pela análise de variância do experimento 1 não foi detectada interação significativa entre isolados e genótipos (p>0,05), indicando que os fatores em teste são independentes. Pelas análises individuais verificou-se que houve diferença entre genótipos (p<0,05), destacando-se as cultivares BR18-Terena e IAC 364 que apresentaram resistência aos três isolados. O efeito de isolados não foi significativo (p>0,05), evidenciando que os três isolados não diferem quando à patogenicidade nas condições avaliadas. Além das cultivares BR18-Terena e IAC 364, o screening permitiu identificar mais 40 genótipos de trigo com resistência à doença, sendo 14 cultivares (BRS Pardela, CD 104, CD 111, CD 150, CD 151, Cristalino, IPR 111, IPR 128, Mirante, OR1, Safira, Tbio Pioneiro, Tbio Tibagi, Vaqueano) e 26 linhagens elite. Os genótipos resistentes apresentam potencial para serem utilizados como fonte de resistência em programas de melhoramento de trigo. Análises complementares da reação desses genótipos durante a fase reprodutiva são necessárias para recomendação de cultivo. |