Resumo |
Para que o enfermeiro alcance a eficácia no desempenho de suas funções, seja na gestão ou na assistência, o mesmo precisa dispor de recursos. O Pacto pela Saúde propõe uma estruturação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para a efetivação do SUS por meio da garantia de infraestrutura apropriada, disponibilidade de equipamentos adequados, recursos humanos capacitados, materiais e insumos suficientes à assistência prestada. A Enfermagem foi o primeiro segmento da saúde a buscar uma formação profissional para a atuação no SUS baseada nas Diretrizes Curriculares para o Ensino de Enfermagem, visando uma formação que incentive as práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Entretanto, durante sua inserção no campo da prática, o acadêmico se depara, algumas vezes, com condições inadequadas para a execução da mesma. Relatar as experiências vivenciadas por acadêmicas de enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV), participantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETSaúde), durante sua atuação em uma Unidade Básica de Saúde das Famílias é o objetivo deste trabalho. Por meio de vivências na prática de atuação da Equipe de Saúde das Famílias (ESF) Santo Antônio II, confrontou-se a literatura e a realidade vivida pelos profissionais desta equipe. Após oito meses de nossa inserção na ESF Santo Antônio II, uma das grandes dificuldades identificadas foi falta de estrutura para o acolhimento do paciente. Começando pelo prédio, que é uma casa adaptada, não tem número de cômodos suficiente para a acomodação da equipe, e a disposição e estrutura física dos mesmos não permitem condições apropriadas de trabalho para os profissionais e conforto e privacidade para os usuários. A ausência de sala apropriada para a realização de curativos foi marcante durante o atendimento a um paciente. Ele foi recebido na varanda localizada nos fundos da unidade, sem condições de privacidade e higiene, uma vez que na área ocorre trânsito de profissionais e está próxima ao fim do terreno da casa, que faz divisa com um galinheiro. Durante o procedimento, constatou-se presença de tecido infectado, e pela falta de opções quanto ao tratamento optou-se por utilizar uma cobertura pouco específica. A participação no PETSaúde tem nos permitido uma aproximação com a realidade, possibilitando-nos experiências que levam à reflexão, ao desenvolvimento de habilidades para lidar com situações adversas e nos prepara melhor para o futuro profissional. A falta de estrutura e recursos dificulta tanto a atuação da enfermagem quanto a de toda equipe. A realização de consulta de enfermagem, exame físico e procedimentos ficam comprometidos. Tal realidade é geradora de angústias em nós estudantes, uma vez que somos formados para atuar como profissionais ideais e não para nos adaptarmos às diversidades encontradas no Sistema Único de Saúde. |