Resumo |
O Brasil produz carvão vegetal em larga escala, se destacando no cenário mundial como seu maior produtor e consumidor. A qualidade da madeira é um fator de extrema importância quando o objetivo é a sua produção com alto rendimento, baixo custo e elevada qualidade. Um problema relacionado à utilização do carvão vegetal é sua alta variabilidade em qualidade, uma vez que esse produto sofre grande influência da madeira que lhe deu origem e do sistema de produção. Surgindo assim a importância de se conhecer as propriedades químicas da madeira para auxiliar na escolha do material genético para sua produção. O rendimento, qualidade e desempenho do carvão vegetal são influenciados pelas propriedades químicas estruturais da madeira. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar as propriedades químicas da madeira de diferentes materiais genéticos de eucalipto para a produção de carvão vegetal. Foram utilizados 5 materiais genéticos de Eucalyptus sp., sendo o material genético 1 e 2 (E. tereticornis), 4 e 5 (E. urophylla) e 3 (E. pellita), aos 7 anos de idade. Foram quantificados os teores de extrativos, lignina solúvel, lignina insolúvel e holoceluloses. O procedimento utilizado para determinar os teores de lignina insolúvel foi o método Klason. O método de Goldschimid (1971), por espectrometria, foi utilizado para quantificar a lignina solúvel. A lignina total foi determinada pela soma dos valores de lignina solúvel e insolúvel. Para quantificar os teores de extrativos, utilizou-se a norma TAPPI 264 om-88 (1992). Observou-se que o material genético 3 apresentou, de forma significativa maiores valores de extrativos totais, com valor médio de 3,88%. Para a produção de carvão vegetal, a presença de maiores teores de extrativos é indesejável, uma vez que, para essa finalidade, é ideal que a madeira apresente maiores quantidades de compostos estáveis termicamente, como é o caso da lignina. Os maiores teores de lignina totais foram observado, de forma significativa, para o material genético 2, com valor médio de 32,96%. A lignina é o componente químico estrutural mais importante para a produção de carvão vegetal, pois ele contribui para o rendimento gravimétrico e pela presença de carbono fixo no carvão vegetal. Não houve diferenças significativas para os teores de holocelulose entre os matérias analisados, tendo os valores médios obtidos variando de 64,88% a 66,62%. O teor de holocelulose é inversamente proporcional ao teor de lignina, dessa forma, para a produção de carvão vegetal, madeiras com menores teores de holocelulose devem ser preferidas. Todos os clones apresentaram propriedades químicas estruturais satisfatórias para a produção de carvão vegetal, porém o material genético 2 destacou-se em relação aos demais, por apresentar maior teor de lignina. Logo se faz necessário um estudo prévio avaliando a qualidade da madeira antes da seleção do melhor material genético para a produção de carvão vegetal.Apoio- Embrapa Floresta |